PORTO MUSICAL

Guilherme Arantes volta ao Recife para conferência no Porto Musical

O cantor, compositor e também produtor musical é o entrevistado do jornalista e crítico musical Marcus Preto, nesta sexta (6), no Apolo

Germana Macambira
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Germana Macambira
Publicado em 06/02/2015 às 8:24
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O cantor, compositor e também produtor musical é o entrevistado do jornalista e crítico musical Marcus Preto, nesta sexta (6), no Apolo - FOTO: Divulgação
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“Desculpem-me os verbos em tempos diversos, mas isto foi escrito em várias fases… atravessa várias décadas.” Não poderia ser diferente a frase que abre a biografia do músico paulista Guilherme Arantes, 61 anos, em seu site oficial. Com quase quatro décadas como cantor e compositor, em uma carreira iniciada ainda no tempo do apogeu do mercado fonográfico do País, ele acompanhou e, principalmente, se adaptou às mudanças pelas quais o universo da música brasileira passou nas duas últimas décadas. 

Um know-how que o habilitou a compor, cantar e, sobretudo, a falar (bem) sobre a realidade da música e suas adaptações às novas plataformas de divulgação. Um nome ideal, portanto, para debater na conferência do Porto Musical de hoje, às 16h, no Teatro Apolo, Bairro do Recife. 

“A promoção desse tipo de encontro aguça a minha curiosidade. Tanto a de ficar a par das novidades do caminho e de contar um pouco como se deu a minha migração do mercado convencional para o, digamos, alternativo” comentou Guilherme Arantes em entrevista por telefone ao Jornal do Commercio.

No colóquio de hoje, ele bate um papo com o jornalista e crítico musical Marcus Preto. Quem for ao debate vai conhecer o cantor e compositor – que, inclusive, promete dar uma canja com músicas da carreira – mas vai dar de cara, principalmente, com o produtor musical e dono do selo Coaxo do Sapo, montado em 2005 e idealizado a partir do novo contexto em que o cenário da música brasileira se inseriu. “O público vai se deparar com um cenário transformado numa espécie de stand da minha produtora. Eu quero que os novos artistas conheçam o meu mercado”, salientou. O último álbum Condição humana (2013) inclusive, foi produzido pelo selo.

Apesar de ter convivido com os tempos, digamos, mais analógicos do mercado da música, Guilherme Arantes não se eximiu à adaptação ao ‘novo universo’ que passou a tomar conta da indústria fonográfica. Desde que, é claro, a forma romântica como trabalha não seja afetada pelo instantaneidade das produções atuais.

“A informatização nunca foi um susto na minha vida profissional. Mas é inegável que o impacto foi grande com as novas formas de se fazer música e de levá-la ao público. Meu temor está na instantaneidade das produções e na consequente pressa em repassá-las. Uma realidade que, talvez, não se afine com o amor que é preciso ter pelo que se faz.”

Sentimento incorporado desde o garoto Guilherme teve os primeiros contatos com o microfone, nas festas em família. “Oito anos de idade e eu já era a atração principal das reuniões em casa. Hoje, aos 62 anos, a música continua como tema principal de minha vida e não tenho a intenção de banalizá-la.”

A intensidade em compor, interpretar e falar de música se tornou uma das marcas registradas de Guilherme Arantes. “É o amor pelo o que se faz que tem que prevalecer. Porque a música, em si, não dá mais tantos frutos”, diz o cantor paulistano que montou, na virada do século 21, a sua base na pousada e estúdio Coaxo do Sapo, em Barra do Jacuípe, Litoral Norte da Bahia.

Mesmo com um mercado que ele chama de “menos generoso”, em relação ao reconhecimento do artista, Arantes reconhece a democratização dos meios de acesso do público às produções. Embora questione a relação entre quantidade e qualidade. “Muitos gravam, mas poucos conseguem ter destaque, com um mínimo de diferencial. Sobressair-se é o grande desafio. E uma saída, talvez, seja dar significação aos impulsos de produzir no atual cenário da música brasileira.”

O autor de hits de sucesso em trilhas de novelas, Guilherme Arantes lançou mais de 20 discos, por meio de gravadoras e de forma independente. Com a determinação de se manter fiel à sua essência e, ao mesmo tempo, de se integrar de vez à indústria fonográfica, passou a dar significação ao trabalho que produz. Agora, com conteúdo na web.

“Para mim é muito importante que qualquer pessoa tenha acesso a tudo o que eu fiz. O meu trabalho já frutificou bastante em termos de retorno. Aos poucos, vai se consolidando uma espécie de ‘domínio público’ das minhas próprias produções”, ressalta.

Com músicas disponibilizadas na plataforma soundCloud, ele adere, de vez, aos movimentos tecnológicos da música brasileira e aos ‘novos negócios’ que passam a sustentar o mercado da música. “O que tem força, hoje, é o show, a presença física do artista. Tornou-se viável para o lado business da música se apresentar em shows ao vivo.”

PERNAMBUCO

De Chico Science a Alceu Valença, passando pela ‘soteropernambucucana’ Karina Buhr Guilherme Arantes tem a música pernambucana como referência. “Admiro muito a produção musical do Estado. Tem força e personalidade. Ao mesmo tempo que se faz festa, se promovem transformações”, atesta.

Descrito por ele como “a ponta de lança do mercado fonográfico”, Arantes diz se sentir em casa quando está por aqui. Ora pela receptividade que tem do público, ora pela fusão dos diversos gêneros que enxerga nas produções locais. “Uma vez, encontrei João Cabral e ele falou sobre o quanto as pessoas daqui cultivavam amor pelo minhas músicas. Mas o Recife tem disso, não é? Sabe agregar valores. E eu sou fã de movimentos assim”, concluiu o músico.

Assista ao clipe oficial do mais recente álbum do cantor, compositor e produtor musical, Guilherme Arantes:

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