O artista indiano Anish Kapoor, cuja obra exposta nos jardins do Palácio de Versalhes foi alvo de vandalismo, considera que o ato está ligado a "uma certa intolerância que emerge na França".
"O problema parece mais político", disse ele em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro, aludindo a "um setor para o qual todo ato criativo é uma ameaça a um passado extremamente sacralizado".
O artista considera que esse ato "fala mais de uma certa intolerância que emerge na França do que da arte em si".
Ano passado, o norte-americano Paul McCarthy também sofreu ao montar uma obra em uma praça pública parisiense. O artista chegou a ser estapeado e insultado por um francês, que o mandou voltar para casa, dizendo que sua obra não cabe em Paris.
Por sua vez, a ministra francesa da Cultura, Fleur Pellerin, chamou de "atentado à liberdade de criação" o ataque à escultura Dirty Corner, de Kapoor.
A obra mais imponente das seis criações instaladas por Kapoor nos jardins do Palácio de Versalhes, um tronco de aço com uma evidente conotação sexual assumida pelo artista, foi sujada com salpicos "superficiais" de tinta amarela, segundo a direção do local.
A escultura foi limpada imediatamente. O ato de vandalismo não foi reivindicado.
Anish Kapoor acredita também que o apelido "vagina da rainha", usado por alguns veículos da imprensa para se referir a seu trabalho, é "uma forma de depreciar o trabalho" e nega que seja um provocador.
