SÃO PAULO

''O setor privado se eximiu'', diz John Neschling sobre crise no Municipal

Instituição teve cortes no orçamento. Dos R$ 16 milhões autorizados para serem captados via leis de incentivo, foram arrecadados pouco menos de R$ 2 milhões

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Publicado em 28/09/2015 às 15:01
Theatro Municipal de São Paulo/Divulgação
Instituição teve cortes no orçamento. Dos R$ 16 milhões autorizados para serem captados via leis de incentivo, foram arrecadados pouco menos de R$ 2 milhões - FOTO: Theatro Municipal de São Paulo/Divulgação
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A crise financeira que obrigou o Theatro Municipal de São Paulo a reduzir sua programação dos próximos meses não é, para o maestro John Neschling, diretor artístico do espaço, diferente do que se passa numa empresa que se depara com a desaceleração econômica do país.

Em um desabafo publicado no Facebook sobre a situação, ele reconheceu que o teatro enfrenta problemas em "uma conjuntura difícil e negativa" e reclamou da falta de compromisso do setor privado, que poderia complementar o apoio financeiro da prefeitura ao lugar.

"O setor privado, que é quem mais usufrui da excelência dos nossos produtos (sim, produtos - somos uma fábrica, como qualquer outra), nesse momento se eximiu quase completamente de suas responsabilidades frente ao Theatro Municipal (com raras e notáveis exceções)", escreveu.

"Por todas as razões do mundo, que nos vêm sendo explicadas em mil e uma reuniões, nem o setor privado, nem as grandes estatais estão dispostas a ajudar a fazer com que o teatro assuma suas produções até o final da temporada."

Na última sexta (25/9), o secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki, anunciou mudanças na programação de novembro e dezembro. Foi adiada uma apresentação do grupo Fura dels Baus e canceladas as sessões da ópera Così fan Tutte, de Mozart. Alterações na grade do ano que vem também estão sendo analisadas.

Os cortes se devem à falta de verba da instituição, cujo orçamento é composto de um repasse da prefeitura (R$ 99 milhões neste ano) e um montante captado via leis de incentivo - dos R$ 16 milhões autorizados, foram arrecadados pouco menos de R$ 2 milhões, diz o secretário.

No texto, Neschling informa que o teatro vai "por em compasso de espera" também o segundo semestre do ano que vem, "para por as contas em ordem e não dar o passo maior que a perna".

"Ante a realidade econômica e burocrática do Theatro, não temos meios de produzir tudo aquilo que desejaríamos com a qualidade que exigimos."

Ele pede que não sejam feitas "orações fúnebres" pelo Theatro Municipal e diz que o diretório do espaço está tomando as medidas necessárias para superar a crise e retomar a programação regular.

"O Theatro Municipal é uma realidade do panorama lírico, sinfônico e de dança no Brasil e no exterior. Assim continuaremos sendo."

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