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Roberta Sá em Delírio: paixões em ritmo de samba

Sexto disco da cantora embala autores de várias gerações

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 13/10/2015 às 8:48
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Sexto disco da cantora embala autores de várias gerações - FOTO: foto: divulgação
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Delírio, sexto álbum de Roberta Sá (Som Livre) é um disco sobre paixão, sentimento que, diz a cantora, mora nos tempos acelerados: "Quis expressar paixão, buscando a calma, interiorizando o que sinto. Eu vinha em um ritmo muito acelerado, decidi desacelerar", declara a cantora. Uma das vozes mais elogiadas e requisitadas da música brasileira, com trânsito livre por diversas gerações e estilos, ela exerce este ecumenismo geracional em Delírio, gravando do centenário Ataulfo Alves ao quase adolescente Tom Veloso, trazendo o pop para o samba, o samba para o pop:

"Gravo o que quero cantar, compositores e músicas com os quais me identifico, independente de época. A grande graça é mostrar pra o público que música é atemporal", explica Roberta Sá, em entrevista por telefone. A troca de guarda na MPB aconteceu já há algum tempo, e Ney Matogrosso anunciou, no álbum Atentos aos Sinais, uma geração que entrou em cena nos anos 2000, e virou fornecedora de composições de qualidade. Rafael Rocha (do grupo Tono) é um destes, e está no repertório de Delírio exatamente com a faixa que dá nome ao disco. São 12 canções, oito delas inéditas, nem todas recentes.

Se For pra Mentir, parceria de Arnaldo Antunes com o violonista Cézar Mendes, é de oito anos atrás. Antunes chegou a gravá-­la para lançar em disco, mas arquivou. A música acabou num CD de Luciana Mello, e perigava cair na obscuridade. Mendes mostrou o samba a Roberta, que viu nele semelhanças com o estilo de Chico Buarque: "É muito parecida com as coisas de Chico, que convidei para gravar comigo. Ele é o grande compositor que todos sabem, mas é um intérprete muito especial. Um cantor brilhante, de uma força que torna sua qualquer música que canta", elogia. Só se For pra Mentir encaixa-­se perfeitamente no roteiro sentimental do álbum, cujo conceito é um ajuste de contas amoroso: "Pra mim não existe consolo/pra mim não existe conselho/e nem o conforto do sono/pra me entorpecer", versos que têm a ver com Covardia, que Ataulfo Alves fez com Mario Lago para Nuno Roland, 78 anos atrás: "Eu quero que nunca mais me apareças/eu quero até que me esqueças/que já esqueci a tua voz/deixa­me só por piedade/feliz na minha saudade":

"É uma música pouco conhecida, mas é bom cantar músicas assim, ou que estão em nossas memórias afetivas. Esta me chamou atenção num disco com composições de Mário Lago, uma homenagem a ele", diz Roberta Sá, que canta nesta faixa com o português Antonio Zambujo. Os dois gravaram em Lisboa, com a guitarra portuguesa de Bernardo Couto revestindo a canção em um clima de fado. 

(leia matéria na íntegra na edição impressa do Jornal do Commercio)

 

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