Coquetel Molotv

Sofia Freire mostra maturidade em Garimpo, seu primeiro disco,

Cantora, compositora, de 18 anos, estreia hoje no Coquetel Molotv

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 31/10/2015 às 9:10
foto: Flora Negri
Cantora, compositora, de 18 anos, estreia hoje no Coquetel Molotv - FOTO: foto: Flora Negri
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O quarto já foi o refúgio onde o adolescente se abrigava do mundo além da porta de sua casa. Brian Wilson fez, em 1963, um clássico com o tema (no álbum Surfer Girl, dos Beach Boys). Nas primeiras décadas deste terceiro milênio, o quarto tornou­se a plataforma de onde as pessoas se arremessam e descobrem o mundo. A adolescente Sofia Freire (que se apresenta hoje, às 15h30, no festival No Ar! Coquetel Molotov) não precisou ir além da porta de casa para conhecer a música que a incentiva a fazer música.

O folk progressivo da americana Joanna Newson, por exemplo, é uma das influências presentes em Garimpo, disco de estreia de Sofia Freire, com como nomes como a Fleetfox ou CocoRosie. O álbum foi viabilizado pelo sistema crowdfunding (campanha de financiamento coletivo), cujo sucesso foi incensado pelo fato de a cantora ter sido uma das vencedoras do Novas Joias, do Joinha Records, selo e gravadora administrados por músicos como Chiquinho Moreira (Mombojó) e China. Aos 18 anos, Sofia estuda piano desde os 7, incentivada pelo pai, o poeta Wilson Freire (parceiro de, entre outros, Antonio Nóbrega). Faz música em companhia dele, com a irmã, Clarice Freire, com José Juva, Alberto Lins Caldas e Felipe S (da Mombojó).

"Quem já sentiu o suave sabor do céu/e nunca flertou com o forte fervor do fel/quem nunca dormiu na dureza da dor/não sabe do sal/ não sabe do sol/ não sabe da sanha que é ser sonhador" (de Fel). Versos que não são comuns em um álbum de alguém com a idade de Sofia. Muito menos com a melodia que abriga a letra. Frases curtas e repitas, ou Ciclos, com o mesmo clima e texturas, com letra de um poema de Wilson Freire.

Pop barroco, com a polifonia de vozes dobradas, contracantos, que vêm sendo testados já tem um tempo. Sofia foi aprendendo em casa a usar as ferramentas disponíveis na Internet, ensaiando com a irmã, que toca violão ­ perdendo o medo de ousar e criar música que sai do óbvio. A voz ainda é adolescente, mas a música é adulta, "quase noite/quase clara/quase nova/quase cheia", como nos versos de Dois Desertos. O disco está disponível para download no link: https://www.sofiafreiregarimpo.com.br/.

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