April Pro Rock

Robertinho do Recife na noite do metal do Abril Pro Rock

Dos seus muitos projetos, este foi o que os fãs mais pediam

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 11/04/2016 às 6:59
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Dos seus muitos projetos, este foi o que os fãs mais pediam - FOTO: foto: divulgação
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"Eu estou tão nervoso como se fosse o primeiro show. No Recife já faz anos que não faço um show. Toquei no Galo da Madrugada com Elba, dei uma canja com a Calypso, subi no caminhão e toquei uma música. Agora é um show. O Metal Mania é uma coisa de que gosto. Preparei uma apresentação especial para o Recife, e bateu ansiedade, porque não sei como vão me tratar. Espero ser tão bem tratado na minha terra como sou no resto do Brasil". Quem diz isto é um músico com 50 anos de carreira (contando do tempo em que tocava em conjuntos de iê iê ê com 12 anos de idade), que entrou e saiu de todas, e passou mais de duas décadas mais produzindo do que nos palcos.

Robertinho de Recife já era lenda por aqui antes de ir para o Rio. O guitarrista que tocou nos principais grupos da Jovem Guarda local, depois presença ubíqua nos projetos do udigrudi pernambucano. Nos final dos anos 1970, em carreira solo, circulou por grandes gravadoras e entrou e saiu de todas, fez sucesso nacional em parceria com Caetano Veloso e esteve na banda popularesca Yahoo, freqüentando o Programa Silvio Santos. Sua guitarra está em solos antológicos em discos de nomes como Fagner ou Gal Costa, e um dos seus últimos sucessos foi com um tema composto por George Martin, o produtor dos Beatles.

No entanto, quando decidiu voltar à cena por aqui, Robertinho escolheu um trabalho de 1984 que, na época, surpreendeu os que o viam como um músico de MPB. Metal Mania, álbum que ganhou uma continuação 30 anos depois, e que será apresentado na íntegra no show que ele fará no sábado do Abril Pro Rock, porém não com a mesma banda com que ele gravou o segundo álbum. Voltou Lucky Leminski (filho de Paulo Leminski), que tocou no projeto original, mais Rob Kalhil, filho de Robertinho, a guitarrista Isa Nielsen e a baterista Jully Lee. "Lucky tem uma banda, a X­Rated. Convidei ele porque os dois músicos que gravaram o disco iam participar de um programa da Globo e não podiam fazer as duas coisas. Depois comecei a pesquisar e encontrei as meninas no Youtube. Isa e Jully tocam muito, falei com elas, fiz o convite e toparam na hora", conta Robertinho, ciente de que se a mulher no rock em geral é minoria, no metal é ainda mais, num espaço quase totalmente masculino:

"O que tenho visto atualmente é o Alice Cooper com guitarrista mulher, Jeff Beck toca com um baixista mulher. Preconceito sobre o preconceito é burrice. Tem que ver tocando. Vai lá e tenta tocar melhor do que essa guitarra, ou toca melhor do que a baterista. Não é macho? Vai lá no palco e prova. Elas tocam muito bem. Não chamei pra banda só porque têm uma carinha bonita. atendem as minhas expectativas".

UDIGRUDI

Robertinho do Recife está no primeiro disco do udigrudi pernambucano, Satwa, de Lailson e Lula Côrtes, no Blue do Cachorro Muito Louco, em vários outros grupos, com Flaviola. Um pouco antes de ir embora do Recife, montou a banda Ala DEli, da qual participavam Zé da Flauta e Paulo Rafael. Curiosamente a geração neo-­hippie, que cultua Ave Sangria, não viu ainda o Robertinho do Recife desta fase: "Aqui não teve muita projeção. Voltei com o Metal Mania porque andava todo mundo querendo. Grande parte dos que me admiravam era por causa do Metal. Nunca digo que não posso fazer de novo o udigrudi. Mas tenho que esperar um indicativo, o sinal que é o tempo certo. Senão começo a fazer um negócio que não tem um eco. Além do mais, esta coisa de revival, eu tenho grilos. Posso até fazer, mas nunca exatamente como era. Sempre vai ter uma coisa diferente. Não digo que vou fazer ou não vou. Sei que não vou fazer sábado, no Abril pro Rock".

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