Dilma Rousseff e o ex-ministro Ministro da Cultura Juca Ferreira se reuniram hoje para responder perguntas de internautas sobre o fim do MinC em sua página do Facebook. Além de esclarecer dúvidas, eles defenderam a preservação do ministério, que sob o governo interino de Michel Temer foi fundido ao Ministério da Educação, formando o Ministério da Educação e Cultura, entregando-o ao pernambucano deputado Mendonça Filho (DEM), sob forte protesto da classe artística.
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"A presença da Cultura como Ministério é tão importante para a construção da nacionalidade brasileira que tem de estar refletida na hierarquia do Estado brasileiro", afirmaram. "Isto não é apenas simbólico, mas deve refletir a prioridade que se atribui à cultura para o exercício da cidadania em nosso País. É bom lembrar que a criação do Minc foi uma das primeiras medidas depois da conquista das eleições diretas para a Presidência da República".
Eles defenderam o papel do MinC na preservação da cultura, para além da arte. "Desde 2003, quando o presidente Lula foi eleito pela primeira vez e o ministro Gilberto Gil foi nomeado, o Ministério da Cultura passou a trabalhar com o conceito ampliado de cultura, incorporando a amplitude da dimensão simbólica do país. Passamos a nos responsabilizar por todas as manifestações e processos culturais em todo o território nacional, surgindo daí uma quantidade enorme de editais para fomentar e incentivar essas atividades. E criamos os pontos de cultura, hoje reconhecidos e louvados internacionalmente. Assumimos a importância da cultura dos povos indígenas e a responsabilidade do Estado brasileiro em apoiar a preservação das suas tradições culturais, incluindo suas línguas e empoderá-los para uma relação saudável com a sociedade como um todo", escreveram.
O usuário Manoel Fernandes Filho Fernandes perguntou se "continuar com este ministério comprometeria o orçamento da União". Dilma e Juca responderam: "O orçamento do Ministério da Cultura é irrisório em termos absolutos e se a gente compara com o Orçamento Geral da União, menos de 1%. E o que esses investimentos trazem de benefícios: fortalecimento da coesão social, melhoria da qualidade de vida, redução da violência, capacitação da sociedade para resolver os grandes desafios do século XXI, satisfação da condição humana dos brasileiros e brasileiras, e o desenvolvimento de economias importantes".
Sobre a sobre a sequência de negativas de mulheres aos convites para ocupar cargo na Secretaria de Cultura do Ministério da Educação, Dilma respondeu: "acredito que as mulheres não querem ser tratadas como um fetiche decorativo. Ao contrário do que alguns pensam, as mulheres têm apurado senso crítico e, por isso, são muito sensíveis a todas as tentativas de uso indevido da sua condição feminina".
Pelo Brasil inteiro artistas ocuparam órgãos de culturais em protesto contra o fim do MinC. No Recife, cerca de 50 criadores, de diversas áreas, estão instalados na sede provisória do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), na Boa Vista.