MÚSICA

Discussão sobre gêneros e diversidade marca Vento Festival

Os destaques foram Mahmundi, Liniker, Filipe Catto, Karina Buhr e Johnny Hooke

João Paulo Carvalho
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João Paulo Carvalho
Publicado em 12/06/2016 às 19:52
LECO DE SOUZA/DIVULGAÇÃO
Os destaques foram Mahmundi, Liniker, Filipe Catto, Karina Buhr e Johnny Hooke - FOTO: LECO DE SOUZA/DIVULGAÇÃO
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ILHABELA - As quatro noites do Vento Festival, realizado em Ilhabela, no litoral norte de São Paulo, de quinta, 9, a domingo, 12, foram marcadas pelo conceito de desconstrução de gêneros, discursos políticos contra o governo do presidente em exercício Michel Temer e apresentações triunfantes de uma nova geração talentosa da música brasileira. Os destaques foram Mahmundi, Liniker, Filipe Catto, Karina Buhr e Johnny Hooker.

Na primeira noite do festival, na quinta, 9, quem brilhou foi a carioca Mahmundi. Por trás da avalanche de sintetizadores oitentistas dos mais variados tons, a cantora mostrou uma voz potente. Soube, com precisão, equilibrar seu show, ora com a guitarra na mão ora se concentrando em alcançar cada nota vocal de maneira impetuosa.

Na sexta-feira, 10, Liniker, Rico Dalassam e As Bahias e a Cozinha Mineira fizeram uma apresentação triunfante contra o preconceito. A performance coletiva das artistas do projeto Salada das Frutas se destacou não só pela qualidade musical de cada uma das integrantes, mas também pela bandeira da diversidade levantada em alto e bom som. 

Liniker, a primeira a se apresentar, mostrou logo de cara a sua potência vocal. Uma das grandes apostas da música brasileira, a cantora levou sutileza ao público, que lotou as areias da praia de Perequê para assistir à sua performance à frente dos Caramelows. Ao fim, o rapper Rico Dalasam e As Bahias e a Cozinha Mineira se juntaram à Liniker para uma versão de Olhos Coloridos, de Sandra de Sá.

O vozeirão de gente grande no corpo de menino assustou muita gente que marcou presença no penúltimo dia para assistir à performance do jovem Filipe Catto. O repertório afinado de Filipe foi pautado em seu segundo disco, Tomada, lançado em 2015 A voz do cantor e compositor encantou pela sutileza e, paralelamente a isso, sua técnica refinada de alcançar cada nota no momento mais oportuno da apresentação. Com letras simples e doces, Catto, que fez uma leitura intrínseca de si mesmo, equilibrou MPB e rock.

Karina Buhr, que se apresentou na sequência, fez questão de chocar e desconstruir o linear politicamente correto. Performática, a cantora cantou músicas do elogiado Selvática, seu último disco de estúdio. Usando uma blusa preta quase transparente, Karina deixou os seios à mostra. "Dilma, querida, quando você voltar, por favor, desmilitarize a polícia", protestou antes de ser acompanhada pelo público que gritava "Fora, Temer. Volta, querida". As canções de Karina promoveram um debate sobre a servidão da mulher e os valores que ainda a rebaixam na sociedade.

Johnny Hooker ficou responsável por fechar a terceira noite do Vento Festival. Durante a performance, usou botas, calça colada e uma camisa com transparência em tons de preto. Adepto do visual andrógino, o delineador pesado nos olhos já se tornou marca registrada. "Primeiramente, fora, Temer. Um governo sem mulheres nos ministérios? Isso não existe. Por isso, mulheres, dedico essa próxima música a todas vocês", disse. Com canções do aclamado álbum Eu Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito!, o músico pernambucano promoveu uma miscelânea sonora, do frevo ao brega. O  ponto alto do show foi a dobradinha com Filipe Catto em Garçom, de Reginaldo Rossi.

No domingo, 12, Bruno Morais e O Grande Grupo Viajante encerraram o festival, que, segundo informações da organização do evento, terá uma terceira edição em 2017. A ver. Que o vento continue soprando fortemente pelas bandas do litoral norte e, obviamente, oferecendo ao público boas alternativas que fogem do mainstream populesco de qualidade duvidosa.

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