Tributo

Chocho ganha tributo aos seus 70 anos dedicados ao choro

Aos 92 anos, músico ainda toca violão três horas por dia

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 23/09/2016 às 9:04
foto: Ricardo Labastier/JC Imagem
Aos 92 anos, músico ainda toca violão três horas por dia - FOTO: foto: Ricardo Labastier/JC Imagem
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O violonista, cavaquinista e mestre de instrumentos afins Otaviano do Monte, conhecido desde criança como Chocho, ganha festa hoje, a partir das 20h, na AABB, para celebrar seus 70 anos de música. Trata­se de um número arredondado para menos. A caminho dos 93 anos, nascido no Cabo de Santo Agostinho, Chocho diz que aprendeu a tocar ainda menino, nos anos 1930, mas somente na década seguinte foi que se aproximou de outros músicos e mais gente foi tendo o privilégio de apreciar suas habilidades, sobretudo porque ele passou a participar de rodas de choro e programas de rádio.

Mesmo aceitando­-se as sete décadas, são poucos os músicos do Brasil com tanto tempo de serviços prestados à MPB pelo puro prazer de tocar. Chocho 70 anos de Cordas Musicais e Convidados será também um panorama do choro pernambucano. Para homenagear Chocho estão escalados alguns dos maiores nomes de artistas ligados ao gênero no Estado: Cláudio Almeida, Dalva Torres, Arimateia, Leda Dias, Henrique Annes, Marcos César, Beto do Bandolim, Jorge Simas, Juth Lopes, Lourdes Alves, João Paulo, Sevy Nascimento, Naara Santos, Tereza Cristina, Danda do Sax, Nestor do Cavaco, Bozó e André Vasconcelos. E ainda tem lugar para mais gente, diz Marcos Veloso, produtor do evento.

Veloso ressalta que o concertão de choro com Chocho e grande elenco tem como finalidade também arrecadar dinheiro para bancar o documentário que está sendo feito com o músico, com previsão de ser lançado em dezembro. Com uma breve passagem pelo Rio, na década de 1950, Chocho atravessou gerações de chorões, viveu a época áurea em que o gênero era prestigiado com horário no Rádio ­ cita o lendário programa Quando Os Violões se Encontram da Rádio Jornal ­, mas nunca se arriscou a viver apenas da música. O violão é coisa de Chocho, enquanto o Otaviano do Monte sustentou a família exercendo o ofício de mestre de obra.

Essa profissão a idade não permite mais que exerça, mas o violão está sempre ao seu lado, e ele exercita o instrumento pelo menos três horas por dia. Conhecido praticamente no meio do universo dos chorões, Chocho é ignorado pelas autoridades competentes e pela quase totalidade de músicos de outras searas. Assim, poucos conhecem suas composições. Ele tem um acervo imenso, quase todo inédito. Os músicos que frequentavam o Quintal do Cosme, em Prazeres ­ por onde passaram alguns dos melhores chorões do País, sem badalações ­, sabem tocar, por exemplo, o choro Derramado no Deserto, com que Chocho tirou um segundo lugar num disputado programa de calouro na Rádio Jornal no início dos nos 1950.

Felizmente, Choco tem o bom senso de registrar suas criações: "Antigamente eu usava um gravador. Hoje gravo com o celular", revela. E não se tratam apenas de canções antigas. Chocho conta que não para de compor choros, valsas e frevos de bloco (ele toca até hoje no Bloco da Saudade). Uma de suas últimas criações é a marcha Trem da Esperança, que tem letra de Lourdes Alves, 59 anos, sua namorada, que canta no coro do bloco lírico Com Você no Coração.

Chocho 70 Anos de Cordas e Convidados ­ Hoje, às 20h, na AABB (Av. Dr. Malaquias, 204, Graças). Ingressos: R$ 40 e R$ 20 (meia­entrada). Fone: 3117­6090

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