Literatura

Urariano Mota transforma memórias em romance político

A narrativa repassa fatos políticos acontecidos em Pernambuco

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 05/10/2017 às 11:34
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A narrativa repassa fatos políticos acontecidos em Pernambuco - FOTO: Divulgação
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O jornalista e escritor Urariano Mota lança hoje, às 18h, na Livraria da Jaqueira, A Mais Longa Duração da Juventude (Editora Literarua, 318 páginas), um romance de geração, ou de gerações, onde a juventude é o protagonista. “Juventude” não o jovem. A juventude dos anos 60, a que pertenceu o autor, que marchava nas ruas naquela década pedindo democracia, o fim da censura e outras reivindicações que continua na juventude que hoje sai em passeata com outros motivos. Foi o que sentiu enquanto ruminava este livro, e ao sair à rua deparou-se com uma passeata. A bandeira era outra, mas, imaginou, eles poderiam segurar faixas contra a ditadura, como ele próprio segurou quando tinha a idade desses manifestantes.

A Mais Longa Duração da Juventude é um roman à clef, ou seja, e que o autor se vale de personagens reais na narrativa que mistura ficção e realidade. Não deixa também de ser um livro de memórias. Urariano Mota viveu e conviveu com a militância política nos anos 60 e 70. Já escreveu sobre Soledad Barret, a paraguaia assassinada, em 1973, pela repressão do regime militar, na chacina comandada pelo delegado Sergio Paranhos Fleury, em Paulista, que ficou conhecida como O massacre da chácara São Bento. O livro, Soledad no Recife, é de 2009, e não é ficção.

AMIGO

No romance que lança hoje, Urariano Mota abre com reminiscências da juventude, um LP de Ella Fitzgerald, o encontro casual com um amigo, Luiz do Carmo, em frente ao Cine São Luiz. O capítulo inicial transcorre com ele e o amigo na noite recifense, em locais emblemáticos da década, como o Bar Savoy, o Clube das Pás, a Pensão 13 de Maio, onde o autor morou e onde moraram personagens do romance. No segundo capítulo ele se vê diante do caixão do mesmo Luiz do Carmo (nome que dá ao amigo, na vida real, Marco Albertim, já falecido, a quem ele dedica o livro), que pontua a narrativa.

As ações passam-se quase todas na Região Metropolitana do Recife, e repassam fatos notórios, como a morte do Padre Henrique, em 1969, ou o citado massacre de 1973, que teve como pivô o tristemente célebre Cabo Anselmo, que entregou os guerrilheiros, entre os quais estava sua própria mulher, Soledad Barret. A Mais Longa Duração da Juventude vai interessar ao jovem dos anos 60, testemunha ocular de muitos fatos romanceados no livro, como também as jovens de hoje ávidos em conhecer um passado ainda relativamente recente, mas pouco lembrado, sobretudo o que aconteceu fora do eixo Rio ou São Paulo.

 

 

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