O novo secretário de Cultura do Estado, Gilberto Freyre Neto, que tomou posse na quarta-feira (2), afirmou em entrevista ao Jornal do Commercio ter dois pilares principais para sua gestão: desconcentração e descentralização. Ele disse ainda que sua chegada à pasta não tem caráter de ruptura em relação às políticas implementadas pelos ex-secretários Marcelino Granja e Antonieta Trindade, e buscará, também, estabelecer diálogo mais estreito com outras secretarias para desenvolver ações culturais.
Administrador de empresas formado pela Universidade Federal de Pernambuco, Freyre Neto é especialista em Gestão Cultural pela Aide à la Gestion Culturelle, de Paris. O gestor atuou ainda como coordenador geral de projetos da Fundação Gilberto Freyre, através da qual chegou a gerir o Cais do Sertão, entre 2016 e 2017.
Sobre a nova função, o secretário afirmou que é “uma convocação para tentar ofertar para Pernambuco o que há de melhor” e considera a responsabilidade grande diante da riqueza cultural do Estado.
“O papel do secretário é não atrapalhar as dinâmicas estabelecidas e gerar eficiência nessas estruturas. De antemão, o que vem à minha cabeça para os próximos anos, tentando pensar em um legado, é na condição de melhoria; é tomar pé de todas as dinâmicas, sem nenhuma desconstrução a priori, sempre com o intuito de gerar eficiência na máquina. O que foi construído vai ser muito bem analisado para que a gente possa dar um passo adiante e diminuir os estresses que existem nas dinâmicas públicas e privadas, como dificuldade de pagamento, excesso de burocracia”, pontuou.
DESCONCENTRAÇÃO
A desconcentração, explica ele, tem o intuito de “diminuir o ônus” da secretaria de fazer a política pública estado. Ele explica que, para isso, vai buscar parceria com outras secretarias, parceiros do poder público e privado. Sobre a descentralização, que, inclusive, foi uma bandeira da gestão anterior, que buscou atingir regiões mais afastadas da Região Metropolitana do Recife, ele disse que tentará aprofundar o processo.
“A gente sabe que a capilaridade do estado não é perfeita, então algumas regiões são extremamente carentes da aproximação com o poder público. Olho para parcerias com as próprias secretarias do Estado, como Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia, que são instituições que em maior ou menor grau têm participação no que a gente chama de cultura. É fundamental que esta rede tenha um embasamento, uma relação com os universos que regem os planos culturais”, afirmou.
Em relação ao Governo Bolsonaro, que já extinguiu o MinC e ao qual Paulo Câmara fez oposição, Freyre Neto acredita que o estado não será preterido “por ter sido sempre o líder de diversas atividades, inclusive política cultural”. No entanto, no estado, o momento é de apreensão. O Funcultura Audiovisual, por exemplo, depende de recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA).
Quanto à Fundarpe, atualmente presidida por Márcia Souto, ele afirmou que aguarda as diretrizes do governador, com quem deverá ter uma conversa mais aprofundada amanhã, mas “que não haverá ruptura”.