Mestre Nado gosta de contar que sua história com o barro começou na barriga da mãe. Nos anos 40 era costume das grávidas tomar água e comer um pedaço da tampa da quartinha para absorver o ferro da argila como nutriente. Menino nascido em Olinda, cresceu na vizinhança das olarias onde apanhava argila para fazer panelinha e bolinha oca. “Eu ficava fascinado com aquele mundo. Se eu já conseguia fazer algumas coisas na mão, imagina naqueles tornos”, conta.
Quando ainda era adolescente a avó Beatriz foi pedir trabalho para o garoto que aos 16 anos já tinha se tornado oleiro profissional. “Mas aí chegou a geladeira e o negócio das quartinhas enfraqueceu. Aí fui pra Tracunhaém que ainda nem era cidade pra fazer quartinha. Mas depois o danado do refrigerador também chegou por lá e eu voltei pra Olinda”, recorda.
SOM DO BARRO
De volta, trabalhou com Tiago Amorim e Francisco Brennand, mas queria descobrir sua própria identidade com o barro. “Ainda cheguei a fazer umas esculturas e umas coleções com barro que encontrei aqui no solo de Olinda, mas começaram a imitar. Até que juntei meu interesse pela música com o amor pelo barro para criar uma ocarina. Foram muitas tentativas até dar certo. Hoje sou conhecido pelo som que tiro do barro. Sou Patrimônio do Barro. Ele é minha vida, ele se deixa moldar, dele tirei o sustento da minha família e compartilhei o meu saber com meus quatro filhos. Agora sou Patrimônio Vivo de Pernambuco”, gargalha.