Política

Candidatos dizem o que planejam para a cultura de Olinda

Dentre as propostas, a reabertura urgente do Cine Olinda é unanimidade

Bruno Albertim
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Bruno Albertim
Publicado em 25/09/2016 às 5:29
Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Dentre as propostas, a reabertura urgente do Cine Olinda é unanimidade - FOTO: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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Luciana Santos quer implementar um pólo audiovisual; Gustavo Rosas, um novo museu; Antônio Campos garante que vai aumentar o orçamento da área; Tereza Leitão quer mais participação da cultura popular nos editais de financiamento; Isabel Urquiza pensa num museu da música no Mercado Eufrásio Barbosa; Ricardo Costa quer a volta das Noites Olindenses. Patrimônio da humanidade, sede de um dos maiores Carnavais de rua do mundo e com 14 grandes obras de caráter cultural e patrimonial que se arrastam há anos – inclusive o Cine Duarte Coelho, fechado há quatro décadas – Olinda tem tido gestões controversas na área de cultura. A reportagem do ouviu os planos dos principais candidatos a prefeito para a área.

Se Luciana Santos, do PCdoB, conseguiu quando foi prefeita barrar o excesso de pólos de musica mecânica que impediam o fluxo dos blocos no Carnaval e reordenou a Sé e o Varadouro, ela precisa ainda, contudo, recuperar o passivo de não ter inaugurado os cines Olinda e Duarte Coelho – as reformas atravessam sem conclusão os cerca de 16 anos de gestão do PCdoB na prefeitura. Quando prefeita, a candidata chegou a anunciar mais de uma vez a inauguração do Cine Olinda. Agora diz que o município vai ter apoio do Governo do Estado para que o prédio seja finalmente reaberto. 

“No caso do Cine Olinda, não será complicado destravar o impasse. Nós tínhamos os recursos, porque o cinema vinha sendo reformado através de emendas do deputado João Paulo, de R$ 1,5 milhão, e minhas, de R$ 1 milhão, mas o Iphan não conseguiu executar a obra por completo e esse recurso não existe mais. Mas o governador Paulo Câmara se comprometeu em repassar R$ 2 milhões para o finalização”, diz a candidata. Já o Duarte Coelho, uma vez que não foi finalizado pelas gestões comunistas quando havia garantias de recursos, está de novo na vala das incertezas. “Não sabemos ainda se o atual governo vai manter o PAC das cidades históricas”, comenta. A ideia é que o prédio funcione como indutor de cadeia produtiva na área. “Vamos criar uma Diretoria de Audiovisual no órgão gestor de cultura, visando promover e estimular a cadeia produtiva do audiovisual em Olinda”, ela diz, informando que tem conversado com o cineasta Kléber Mendonça Filho. 

Ela também não sabe ainda se haverá aumento da participação orçamentária da cultura no município. “Não posso antecipar o orçamento, mas vamos fazer o que for possível para fortalecer essa vocação terciária da economia. Já chegamos ao ponto de ter um shopping, agora não há outro caminho a não ser a economia criativa”, diz. Outro plano, explicado sem detalhes, é o de descentralizar o Carnaval do Sítio Histórico. “Para evitar uma concentração exagerada por lá. E também é imprescindível uma parceria com a Prefeitura do Recife”.

Candidato do Partido Verde, Gustavo Rosas diz que pretende investir em eventos “simples e básicos”. “Podemos fazer parcerias com as pousadas para pequenos festivais”, diz ele. Apesar de não definir exatamente esses eventos, eles pensa em equipamentos culturais que valorizem o bairro de Rio Doce, onde Chico Science morou, como berço do Manguebeat. O prefeiturável afirma ainda que vai criar um novo Museu de Olinda. “Se a gente for em Porto Seguro (BA), encontra um museu contando a história da cidade. Falta isso em Olinda”, diz, apesar de não definir o local de funcionamento do museu e nem anunciar o volume do investimento. “Podemos usar peças dos institutos históricos”, completa. Gustavo diz ainda que pensa em criar um Conselho Gestor do Carnaval, “formado por todos os carnavalescos da cidade, de forma que possam tomar decisões relativas a este período festivo, em conjunto com a administração municipal”.

Com a experiência de quem implementou a Festa Literária de Pernambuco (Fliporto) na cidade, o candidato Antônio Campos, do PSB, não adianta o percentual, mas diz que vai aumentar o orçamento da pasta. “Olinda tem que ter um orçamento diferenciado na área, mas não é o momento de dizer em quanto será aumentado”, diz. O advogado diz que pretende também criar um museu – sem apontar um local – em torno da obra e da figura de Chico Science. “Não seria um museu caro, seria uma parceria com a iniciativa privada. Um museu aberto, interativo, como o da Língua Portuguesa ou o de Bob Marley, na Jamaica”, diz o candidato, que garante que vai reabilitar alguns eventos no calendário da cidade, como o Movimento Musical de Olinda (Mimo) e o Arte em Toda Parte. “A ideia é abrir os ateliês a cada segundo domingo de cada mês e criar uma plataforma digital chamada Arte Olinda”. 

Criada por ele, contudo, a Fliporto não está em suas prioridades. “É difícil, para mim, como candidato, legislar em causa própria. A Fliporto já está no calendário fixo da cidade”, justifica. Além de viabilizar o Cine Olinda, o candidato garante que vai abrir dez salas de cinema nas periferias e bairros da cidade, mas não adianta ainda de onde sairiam os recursos, nem como seria a gestão dos cines. “Priorizar a contratação de artistas locais nos eventos também é nosso projeto”, diz o socialista. 

Candidata do PSDB e filha da ex-prefeita Jacilda, Izabel Urquiza foi diretora do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Produtor) quando foi desenvolvido o projeto de reforma do Mercado Eufrásio Barbosa – em andamento pelo programa. Diz que pretende manter o plano de reforma previsto para o espaço e implementar, ali, um novo museu. “Minha ideia seria criar um museu musical, moderno, com tecnologia. Os recursos poderiam ser obtidos no Instituto Brasileiro de Museus”, diz ela que, além de garantir o funcionamento de pequenas apresentações, pretende, como previsto no plano de reforma, barrar grandes shows musicais na área. A candidata diz ainda que tem planos de implementar um calendário de pequenos eventos ao longo do ano “para garantir espaço para os artistas locais mostrarem seu trabalho além do Carnaval”. “Vamos também tentar manter o PAC das cidades históricas para destravar as 14 obras em andamento no Sítio Histórico”, diz a tucana, destacando o Cine Duarte Coelho.

Candidata do PT, Tereza Leitão diz que terá como prioridade concluir um Sistema Municipal de Cultural e tentar aumentar o orçamento da pasta. “Todo o orçamento é consumido praticamente no Carnaval. Queremos criar alternativas para o resto do ano”, diz. O caminho dos recursos, diz, é o Congresso Nacional. “Vamos procurar toda bancada de Pernambuco para pedir investimentos via emendas parlamentares”, revela, preocupada também com o acesso de brincantes da cultura popular aos mecanismos oficiais de financiamento. “O produtor é uma figura importante, mas precisamos garantir o acesso do brincante. O que é exigido a um caboclinho é o mesmo, hoje, que é exigido para uma grande orquestra. Temos que criar flexibilidades”, diz ela que, como os outros, pretende também investir na sustentação e retomada de eventos como o Mimo e o Arte em Toda Parte.

Candidato do PMDB, o empresário Ricardo Costa diz que pretende dinamizar a cidade com eventos que marcaram época como o Noites Olindenses, série de shows e festas no Clube Atlântico que foi famosa nos anos 1980. “Eu não vou reinventar a roda”, diz, informando ter seu plano de governo amparado na consultoria do sociólogo José Arlindo Soares, do Centro Josué de Castro. O candidato faz coro com seus concorrentes em afirmar que vai garantir a reabertura do Cine Olinda. “Vou procurar saber, com unhas e dentes, como um leão, porque esse cinema ainda não está aberto”, garante. “Sobre o Duarte Coelho, eu ainda vou me inteirar sobre como está a história lá”, confessa o prefeiturável, que, como os outros, pretende também transformar o Mercado Eufrásio Barbosa em centro indutor da economia criativa na cidade. 

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