Debate

Estesia Convida debate financiamento cultural no Porto Mídia

O evento começa nesta terça (04), a partir das 19h, e contará com debate e show

Duda Lapenda
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Duda Lapenda
Publicado em 04/09/2018 às 12:55
Foto: Branco Produções/Divulgação
MÚSICA Miguel Mendes, Carlos Filho e Tomás Brandão são integrantes do Estesia - FOTO: Foto: Branco Produções/Divulgação
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Não há como negar que o Brasil tem vivido tempos nebulosos em relação à cultura. Nos noticiários, descaso com o patrimônio público causa perdas irreparáveis, corte de verbas dificultam a produção cultural e conflitos ideológicos levam a arte à Justiça. Na contramão, produtores e artistas buscam discutir formas de estimular a cultura, seja a partir de vias públicas ou privadas. No Recife, a segunda edição do Estesia Convida vem reforçar essa discussão. O evento começa nesta terça (04), a partir das 19h, no PortoMídia.

Tudo partiu da ideia do grupo de música experimental Estesia de alavancar um projeto que reunisse debate sobre cultura, além de apresentações da banda. A preocupação também reflete a experiência pessoal do grupo, que enfrenta dificuldades quando o assunto é criação e pesquisa. O foco dos debates, nesta edição, é o financiamento cultural e projetos de economia criativa, diferente do ano passado que discutiu a circulação de espetáculos artísticos.

“Investimento em residências artísticas e apoio a artistas, coletivos e redes com espaço físico para ensaios e apresentações são questões que teremos que travar para abrir ambientes saudáveis à criação em Pernambuco”, explica o cantor e compositor Carlos Filho, que integra o grupo junto com os produtores Miguel Mendes e Tomás Brandão (Pachka) e o iluminador cênico Cleison Ramos.

Nesta terça (04), os convidados Eduardo Sarmento, gerente-geral do Paço do Frevo, e Guitinho de Xambá, integrante do Grupo Bongar, iniciarão as conversas. Diante da problemática, existe uma forma ideal de financiamento? Se contrapondo a essa ideia, Eduardo aposta na diversificação das fontes de incentivo como propulsora da pluralidade cultural.

“No Brasil, a modalidade majoritária de financiamento tem sido as leis de incentivo, ou prêmios e editais, gerando, por vezes, mais dependência do que autonomia, ou, ainda, a transferência de responsabilidade do Estado às empresas, na medida em que elas decidem o que, quem e quando financiar”, explica Eduardo. “Com o exemplo do incêndio do Museu Nacional, fomos colocados diante do fantasma da falta de financiamento e atenção às nossas instituições culturais”, complementa.

Assim, outra questão que surge é a necessidade de estratégias alternativas, que permitam a autogestão. O produtor cultural e diretor da Rabixco Comunicação, Maurício Spinelli, que participará do projeto no próximo dia 18, acredita na criação de uma cadeia de parcerias entre os próprios produtores, não descartando o incentivo público/privado. “Infelizmente a maioria dos artistas e produtores acha que incentivo público é pra bancar carreira de artista, e eu não acredito nesse método de trabalho. Acho que os editais públicos ou privados servem para incentivar e startar projetos. Cabe ao artista e aos produtores criarem o mercado em sim, fazer com que seu produto desperte interesse do público consumidor”, opina.

SHOWS

Além dos debates, haverão apresentações do Estesia com o convidado artístico do dia. Os espetáculos serão feitos no estilo criado pelos recifenses: de forma intimista, interativa e criativa. Um show que envolve música eletrônica improvisada, teatro e ambientação, através de uma iluminação especial, com Cleison Ramos e os celulares da plateia ajudando na proposta estética. “Nos tempos de consumo de cultura digital, estamos procurando novas formas de dialogar presencialmente com o público de uma forma dinâmica e impactante”, explica Carlos.

l Estesia Convida. Hoje, a partir das 19h, e nos dias 14/9, 2/10 e 16/10. No PortoMídia (Rua do Apolo, 235, Bairro do Recife). Ingressos: R$ 15 (Disponíveis no Sympla). Programação completa no canal www.jc.com.br/cultura

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