Críticas

Roberto Alvim é repudiado por parafrasear ministro nazista

Ao divulgar premiação, o secretário especial de cultura Roberto Alvim utilizou frases semelhantes ao discurso do ministro nazista Joseph Goebbels

JC Online
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Publicado em 17/01/2020 às 10:23
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Ao divulgar premiação, o secretário especial de cultura Roberto Alvim utilizou frases semelhantes ao discurso do ministro nazista Joseph Goebbels - FOTO: Foto: Reprodução
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Roberto Alvim, secretário especial de Cultura do Governo Federal, ao anunciar um prêmio voltada às artes, parafraseou o discurso do ministro de propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, falando em uma arte "heroica", "imperativa" e "nacional". Tanto sua fala, como a tônica utilizada, foi amplamente repudiada, em diversos níveis, por nomes que vão de Marcelo D2 e Zélia Duncan até Rodrigo Maia e Olavo de Carvalho.

O trecho que gerou a discussão foi o seguinte: "A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada".

As semelhanças são evidentes com o discurso exposto na biografia Joseph Goebbels: uma biografia, do historiador alemão Peter Longerich. "A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional com grande páthos e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada" é a fala do ministro nazista.

Confira vídeo

O debate foi ainda mais entornado por causa da música de fundo escolhida por Alvim, com trecho da ópera Lohengrin, de Richard Wagner, compositor abertamente antissemita, admirado por Adolf Hitler.

Em sua conta no Twitter, o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara, classificou como inaceitável a atitude do secretário. "O governo brasileiro deveria afastá-lo urgentemente do cargo", escreveu. Já o ideólogo Olavo de Carvalho, considerado como um guru do atual governo. "É cedo para julgar, mas o Roberto Alvim talvez não esteja muito bem da cabeça. Veremos", afirmou Olavo em sua conta no Facebook.

O deputado Marcelo Freixo (PSOL) afirmou que ao citar Goebbels, Alvim "escancara as intenções autoritárias deste governo", falando ainda em um momento que é "a maior crise da democracia desde 1964".

O mundo artístico também repercutiu a fala de Alvim. A cantora Zélia Duncan classificou o secretário como "patético". "Ator canastrão, diretor fracassado, encontrou nesse governo desafinado e brega seu frágil êxtase nazista-fetichista", afirmou em seu Twitter. Já o rapper Marcelo D2 declarou que "em qualquer país do mundo isso é crime". Eles nem se escondem mais".

O diretor de cinema Josias Teófilo, responsável pelo documentário sobre Olavo de Carvalho, também pediu a demissão de Alvim, falando sobre "problemas de ordem pessoal seríssimos" e de que "nada justifica o que ele fez vem fazendo e fez hoje", taxando o vídeo como assustador. "Alvim brigou com três ministros, enganou o presidente com promessas que não poderia cumprir e fez um vídeo nazista. Tem que cair, e logo", afirmou.

Defesa

Em suas redes sociais, o secretário declarou que a situação é apenas uma "coincidência retórica em uma frase sobre nacionalismo em arte(...) todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a Arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbles, não o citei e jamais o faria", declarou

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