Poucos no mundo conhecem tanto o mercado de jogos quanto o norteamericano Joseph Olin. Com mais de 160 games no currículo, ele é responsável por alguns marcos da indústria, como o lançamento do primeiro jogo da franquia Tomb Raider, em 1996. Fora da indústria dos jogos eletrônicos, ele ainda foi criador de jingles para a CocaCola nos anos 80 e criou a primeira campanha de marketing para a Barbie.
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Para o público de ontem da Campus Party Recife, Olin deu o panorama geral do mercado de desenvolvimento de games. "É uma grande época para se trabalhar nesse ramo, mas também muito perigosa. Tudo hoje é gratuito mas só até o fim da curva de aprendizado, depois o usuário paga. Então, como atrair esse jogador?", questiona Olin.
A saída, para o especialista, é conhecer seu público. "Desenvolver games é uma arte, mas é necessário antes conhecer o passado, compreender as mudanças que já ocorreram, para assim pensar no futuro do mercado de jogos e se adaptar a essas mudanças", acredita Olin. Games já são um mercado maior do que o do cinema e o da música, com um faturamento esperado de US$ 4,5 bilhões na América Latina. "O Brasil fatura, sozinho, US$ 1,5 bilhão. Mas isso é de se esperar: é o maior país, mais desenvolvido e com a maior população. Mas é importante observar, por exemplo, que a Colômbia fatura atualmente cerca de US$ 200 milhões, um número que quadruplicou nos últimos quatro anos", completa.
Boa parte desse crescimento está no mercado móvel, uma vez que na opinião do especialista, consoles ainda são caros e poucos estão dispostos a pagar US$ 60 por um lançamento. "Por outro lado, as vendas de smartphones continuam crescendo. Esse mercado ainda vai chegar no amadurecimento. Mas com a internet das coisas, os desenvolvedores já devem pensar à frente e bolar maneiras de levar seus jogos para qualquer aparelho", afirma Olin, reforçando que nessa competição o Android está na frente. "Aparelhos iOS ainda são caros. Os executivos da Apple sempre destacam que querem ser mais acessíveis ao público geral, mas acredito nisso tanto quanto acredito que vou aprender português em uma semana", brincou o norteamericano.
Mas só conhecimento da ferramenta não basta a chave está no gosto do público. No Brasil, por exemplo, a preferência é por jogos casuais de ação e aventura, com 67% e 60% do público. "Na Alemanha, eles adoram games de estratégia (é preferência de 53% dos jogadores). Se quiser lançar um jogo de esportes na China, esqueça. Lá corresponde somente a 3% do mercado, o que deixa o pessoal da Electronic Arts maluco, já que um terço do Fifa é programado lá e ninguém liga", conta Olin. Falando em esporte, o esports (torneios de jogos eletrônicos) também é um segmento que deve despontar em breve. "Em no máximo cinco anos, os torneios de games devem ser tão importantes quanto os esportes tradicionais, em termos de audiência e marketing. Os millenials (geração nascida nos últimos 30 anos) preferem pagar por entretenimento do que por notícias", avalia.