Venda direta

Na crise, a força das vendas diretas

Em meio à turbulência, setor eleva chance de emprego de muita gente. Hoje, são mais de 4 milhões de revendedores

Da editoria de economia
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Publicado em 08/09/2015 às 16:45
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O segmento de vendas diretas se transformou numa alternativa para quem está desempregado ou precisa complementar a própria renda nessa época de crise. Apesar do período difícil, as estimativas apontam que o setor sente menos as turbulências da economia e deve continuar a crescer neste ano. Segundo dados da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (ABEVD), o número de revendedores diretos – profissionais autônomos atuantes – é de, aproximadamente, 4,5 milhões de pessoas.

Ainda de acordo com o levantamento, esse ramo atingiu R$ 41,66 bilhões em volume de negócios em 2014 – crescimento de 0,2% em relação ao ano anterior. Mostrando resistência em períodos de crise, as vendas diretas se configuram como uma atividade autônoma que complementa o salário formal ou vira a principal fonte de renda do consultor. Esse é o caso do vendedor Asiel Lopes, que trabalha com produtos da Hinode (perfumaria e cosméticos). Para ele, a venda direta é uma forma de trabalhar por conta própria de maneira simples, pouco burocrática e com baixo investimento.

“Comecei através da indicação de um amigo porque estava com muitas dificuldades financeiras na época. Hoje, o sustento da minha família vem integralmente disso”, conta ele, que além de trabalhar com a comercialização, coordena grupos de vendedores em Recife, Olinda e até em outros Estados, ganhando cerca de R$ 10 mil por mês. Só em Pernambuco, a Hinode cresceu 169% em faturamento no primeiro semestre de 2015.

Para ingressar nessa área, os consultores desembolsam entre R$ 80 e R$ 150 e recebem, em média, de 20% a 30% sobre o valor dos produtos vendidos. Em alguns casos, o investimento inicial é zero, já que nem todas as empresas cobram por esse kit de início. 

A profissão exige, no entanto, determinação e disciplina, pois é função do próprio consultor prospectar e fidelizar clientes, estabelecer horários e controlar pagamentos e entregas. Para impulsionar as vendas muitos adotam estratégias específicas, que variam conforme o público-consumidor e o produto vendido. Uma das principais estratégias adotadas pelos consultores atualmente é o uso das redes sociais. Com a presença cada vez mais intensa dessas ferramentas, esse também tem sido um canal para que os consultores anunciem os produtos e modernizem suas atividades. A vendedora Beatriz Lopes, que trabalha com produtos da Cidiz, conta que divulga nas redes e em um blog que administra todas as novidades da marca e os produtos disponíveis.

“Comecei há dois anos e hoje já consegui até abrir uma loja. É uma boa opção de emprego porque é um trabalho que só depende de você”, afirma.

 

Produtos de beleza dominam o segmento 

Cerca de 90% do volume das vendas diretas é concentrado em produtos de beleza. No entanto, esse mercado busca se expandir também em outras áreas. A Tupperware registra US$ 2,7 bilhões em faturamento, figurando como uma das oito maiores do mundo nesse segmento. A Herbalife encerrou 2014 com mais de 410 mil consultores independentes.

De acordo com levantamento realizado pelo Lieberman Research Worldwide Inc. (LRW), a maioria dos consultores decide ingressar no sistema de vendas para comprar produtos com desconto e acaba enxergando uma oportunidade de negócio ao revendê-los por meio de contato pessoal. Segundo um estudo da ABEVD, há dois tipos principais de consultores. Aqueles que revendem apenas para amigos e não efetuam novos pedidos mensalmente, o que faz com que eles tenham, naturalmente, um lucro mais baixo e na outra ponta, os que veem as vendas diretas como um verdadeiro empreendimento. Esses, chegam até a contratar outros funcionários para dar conta de toda a demanda. De acordo com uma pesquisa feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), 27,1% dos consultores formam equipes de venda. De olho nessa tendência, empresas que trabalham com venda direta oferecem treinamentos contínuos sobre os produtos e a oportunidade de construir um negócio a partir desse tipo de comercialização.

O diretor sênior de vendas da Herbalife, Jordan Rizetto, conta que o ganho proporcional ao esforço e o reconhecimento do seu desenvolvimento são fatores incentivadores para aderir ao modelo de negócio das vendas diretas.

“Diante da crise, não estamos pisando no freio, mas acelerando. Seguimos investindo forte, especialmente na capacitação dos nossos consultores. Esses, ao receberem os retornos proporcionados pelo trabalho com os nossos produtos, se capacitam e decidem fazer disso sua principal fonte de renda”, afirma. 

 

As oito maiores do setor


1º - Amway 

A marca americana possui um faturamento anual de mais de US$ 11 bilhões. Os produtos de nutrição da marca Nutrilite são destaque na empresa, que também vende cosméticos e produtos de limpeza

2º - Avon

Presente no Brasil desde 1958 e com uma receita de mais de US$ 9 bilhões, a Avon conta com mais de 1,1 milhão de revendedoras

3º - Herbalife

Com um faturamento global de US$ 4,8 bilhões, a Herbalife comercializa produtos de controle de peso, nutrição e cuidados pessoais

4º - Vorwerk

A fabricante de eletrodomésticos alemã tem uma receita de US$ 3,7 bilhões e uma história de mais de 130 anos

5º - Mary Kay

A fabricante de cosméticos americana possui um faturamento de US$ 3,5 bilhões e está presente em mais de 35 países, contando com mais de 3 milhões de pessoas em sua força de vendas independente

6º - Natura 

Primeira brasileira a aparecer na lista, a Natura é uma das maiores empresas de vendas diretas do mundo e tem um faturamento de US$ 3,2 bilhões

7º - Nu Skin

A fabricante de cosméticos norte-americana está entre as empresas que mais cresceram nos últimos anos. Seu faturamento é de US$ 3,18 bilhões

8º - Tupperware

Com US$ 2,7 bilhões em faturamento, a empresa americana viu o seu principal produto virar sinônimo de categoria

 

Fonte: Associação brasileira de empresas de vendas diretas / ABEVD 

 

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