O Banco Central Europeu (BCE) não pode resolver sozinho os problemas de déficit da zona do euro e os países-membros precisam fazer sua parte, afirmou hoje o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, pedindo ao BCE que não dê incentivos equivocados e aja dentro de seu mandato para manter a estabilidade de preços.
No último dia 7, o BCE reduziu sua taxa básica de juros à mínima histórica de 0,25%. A instituição, no entanto, sofre pressões para considerar a possibilidade de fazer compras de ativos, numa política conhecida como relaxamento quantitativo, que é usada por outros grandes bancos centrais mas gera polêmica na Europa.
"Apenas a política monetária não pode garantir a saída da crise. É uma ilusão acreditar que a política monetária pode gerar crescimento sustentável. A política monetária pode ajudar a ganhar tempo para reformas, mas não soluciona problemas de fundamento", disse Schäeuble em discurso sobre a regulação dos mercados financeiros.
"O BCE tem dado sua contribuição no combate à crise e ainda o faz. Ele está agindo dentro de seu mandato. Mas esse mandato deve ser limitado para garantir sua independência", acrescentou o ministro.
Sobre as negociações na Europa para um acordo de como lidar com bancos problemáticos, Schäuble disse que um compromisso deverá ser fechado até o Natal.
A União Europeia (UE) planeja estabelecer uma união bancária na zona do euro numa tentativa de romper o laço comprometedor entre bancos do bloco em dificuldades e seus governos. A Comissão Europeia propôs assumir a tarefa de decidir sobre o eventual fechamento de bancos. A Alemanha de opõe à ideia e prefere que a função fique a cargo de reguladores nacionais.
O projeto da união bancária prevê que o BCE se torne o supervisor único de bancos até o outono europeu de 2014 e a criação de um "mecanismo único de resolução" para o fechamento de instituições problemáticas sem afetar o sistema financeiro como um todo.
No discurso, Schäuble também disse que o novo governo da Alemanha, que ainda está em negociação, ajudará as seguradoras a lidar com o ambiente de taxas de juros baixas.