O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento informou que o serviço sanitário da Rússia abriu as portas para 87 frigoríficos brasileiros exportarem carnes, aves, suínos e miúdos para o país europeu, e ainda para a Bielorússia e o Cazaquistão, que fazem parte da União Aduaneira Russa. Receberam autorização, ainda, dois estabelecimentos de produtos lácteos. As liberações ocorreram ontem (6) e foram divulgadas hoje (7) pelo ministério.
Mais cedo, a Rússia havia anunciado embargo à importação de carne bovina, suína, aves, peixe, queijo, leite, legumes e frutos provenientes dos Estados Unidos, da União Europeia, Austrália, do Canadá e da Noruega. Os Estados Unidos e a União Europeia decretaram sanções econômicas à Rússia pelo envolvimento na guerra da Ucrânia e apoio aos rebeldes pró-russos no Leste do país.
Ao comentar o embargo russo, o secretário de Polícia Agrícola do ministério, Seneri Paludo, disse, pela manhã, que trata-se de “uma grande janela para o Brasil”, que pode causar uma “revolução” nas exportações brasileiras de carne, milho e soja. Na nota sobre as autorizações, divulgada no início da noite, o Ministério da Agricultura não menciona a suspensão de compras e lembra o processo de negociação entre Brasil e o o país europeu sobre as exigências fitossanitárias russas para exportações agropecuárias.
Uma missão técnica brasileira esteve na Rússia, ontem (6) e na véspera (5), comprovando o cumprimento de exigências para obter a liberação de exportações. No período, o Brasil obteve certificado sanitário internacional para a exportação de lácteos para a União Aduaneira Russa. Além das discussões sobre carnes, miúdos e laticínios, também foi apresentado um protocolo com exigências fitossanitárias para a exportação de trigo da Rússia para o Brasil.
O comunicado do ministério destaca que, antes da missão, na 82ª Assembleia Geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em maio, na França, foi tratado sobre o envio de listas de potenciais fornecedores brasileiros de carne para a Rússia. Ressalta, ainda, que em julho a presidenta Dilma Rousseff recebeu o presidente russo, Vladimir Putin, e assinou acordos bilaterais em várias áreas, com previsão de aumento das trocas comerciais entre os dois países no patamar de US$ 10 bilhões anuais.
Ao lado de Hong Kong, a Rússia é um dos principais destinos das exportações de carne bovina e suína brasileira. Segundo informações do Ministério da Agricultura, em 2013 o Brasil exportou 303 mil toneladas de carne bovina in natura para o país, equivalentes a US$ 1,2 bilhão. Foram vendidas, ainda, 134 mil toneladas de carne suína, gerando receita de US$ 412 milhões. A pasta informou que mais duas empresas brasileiras podem receber autorização para exportar para a Rússia nos próximos dias.