A redução da capacidade global de celulose em 600 mil toneladas, juntamente com a retomada da demanda no Hemisfério Norte no segundo semestre deste ano, favorecem as produtoras e devem permitir que a Suzano Papel e Celulose pratique na íntegra os reajustes de preços anunciados em setembro e válidos desde o dia 1º de outubro.
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Desde o início deste mês, o preço da tonelada da celulose fibra curta da Suzano é de US$ 640 na Ásia, US$ 750 na Europa e US$ 840 na América do Norte. A Fibria também anunciou que pratica os mesmos valores a partir deste mês. O preço de referência para o mercado na Europa, o índice FOEX, era de aproximadamente US$ 725.
Com base nesse valor de referência, o diretor executivo da unidade de negócios de papel e celulose da Suzano, Carlos Aníbal revelou que o ajuste equivale a cerca de US$ 30 a US$ 40. "A expectativa é de que sejam repassados integralmente", contou o executivo, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Este era um temor apontado por analistas que acompanham o setor, pois na prática as empresas podem conceder descontos aos clientes. "Muitas vezes as empresas não conseguem implementar o preço na íntegra e têm que dar descontos de acordo com cada cliente", explicou Catarina Pedrosa, analista do Espírito Santo Investment Bank, que acompanha Fibria e Suzano.
O diretor da Suzano detalhou que o ajuste foi baseado em dois fundamentos. O primeiro diz respeito à oferta, com as reduções de capacidades nas fábricas da Old Town, nos Estados Unidos, e da Ence, na Espanha, que chegam a aproximadamente 600 mil toneladas. "Mas além do fechamento das ofertas, sazonalmente em setembro e outubro há uma retomada da demanda no hemisfério Norte", revelou o executivo.
No que se refere às produções adicionais previstas, Aníbal destaca que a próxima virá somente na segunda metade de 2015, proveniente da fábrica de celulose de Guaíba, da chilena CMPC, localizada no Rio Grande do Sul. "No curto prazo não deve ter um impacto", disse o diretor da Suzano, que acrescentou que as novas capacidades programadas para 2014 já iniciaram, como a unidade da própria companhia, Imperatriz, no Maranhão, com capacidade de 1,5 milhão de toneladas por ano, e Monte Del Plata no Uruguai, de 1,3 milhão de toneladas por ano.
O vice-presidente da Pöyry, Carlos Farinha e Silva, disse que o volume adicional para 2014 já está precificado. "Já foi descontado no preço. Agora dependem de fechamentos de novas capacidades, que ninguém sabe quando vai acontecer", disse o executivo, em conversa com o Broadcast durante o Congresso e Exposição Internacional de Papel e Celulose (ABTCP).
Segundo estimativas da Pöyry, que presta serviços de tecnologia para o setor, a indústria tem capacidade de absorver 1 milhão de toneladas adicionais por ano, sem comprometer os níveis de preços. "Todos são nossos clientes e nós orientamos para que não entrem todos de uma vez."
Farinha e Silva destacou para 2015 a entrada em operação da unidade Guaíba, da CMPC, e o projeto Puma, da Klabin, previsto para 2016.
Recentemente, a Pöyry foi contratada pela CRPE Holding (Celulose Rio Pardense e Energia) para o serviço de engenharia básica da fábrica de celulose no município Ribas do Rio Pardo (MS), com capacidade de produção de 2 milhões de toneladas por ano. Ontem, a Eldorado Brasil Celulose fechou contrato com a companhia para serviços de engenharia básica do projeto de expansão, Linha 2, da fábrica de celulose em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul. A nova linha de produção vai aumentar a capacidade da unidade da Eldorado para 4 milhões de toneladas por ano de celulose kraft branqueada.
Mesmo com a entrada destes novos projetos no mercado, Farinha e Silva avaliou que ainda é cedo para avaliar seu impacto no preço pois estão em fase inicial, ainda em etapa de engenharia básica.