Dólar em alta

Dólar sobe para R$ 2,64 influenciado por exterior e cautela com BC

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,21% sobre o real, cotado em R$ 2,643 na venda

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Publicado em 11/12/2014 às 19:35
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O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,21% sobre o real, cotado em R$ 2,643 na venda - FOTO: Marcos Santos/ USP
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Dados mostrando fortalecimento da economia americana voltaram a alimentar incerteza sobre um aumento antecipado dos juros nos Estados Unidos e, em conjunto com dúvidas em relação à continuidade do programa de atuações do Banco Central do Brasil no câmbio, pressionaram o dólar nesta quinta-feira (11).

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou em alta de 1,21% sobre o real, cotado em R$ 2,643 na venda. É a maior cotação desde 4 de abril de 2005. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,37%, para R$ 2,648 -cotação mais alta desde 1º de abril de 2005. A moeda americana chegou a ser negociada acima de R$ 2,65 ao longo do dia.

Nos EUA, indicadores de vendas no varejo e pedidos de auxílio-desemprego mostraram dados melhores que o esperado pelo mercado. Os números geraram receio de que o Federal Reserve (banco central americano) possa abandonar sua promessa de manter os juros perto de zero "por mais um longo período de tempo". A autoridade terá reunião na próxima semana.

Atualmente os juros nos EUA estão em seu menor nível histórico, entre zero e 0,25% ao ano. Um aumento deixaria os títulos do Tesouro americano, que são remunerados por essa taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes do que aplicações em mercados emergentes.

A avaliação de operadores é que a alta do juro nos EUA pode causar uma fuga de recursos dos emergentes, fazendo com que a menor oferta de dólares pressione a cotação da moeda americana para cima.

"Quando há aversão [ao risco], os investidores correm para o dólar. É considerado um investimento menos arriscado. Por isso, a tendência continua sendo de valorização da moeda americana. O Brasil ainda tem um agravante, que são as dificuldades de fechar as contas públicas e as incertezas sobre o futuro do programa de atuações do BC no câmbio", disse Paulo Petrassi, sócio operador da Leme Investimentos.

Segundo Petrassi, as dúvidas em relação ao futuro das intervenções do Banco Central do Brasil no câmbio pressionam ainda mais o mercado. "Um terço das reservas do país já está sendo utilizado nos leilões de swap do BC [operações que equivalem a uma venda de dólares no mercado futuro]. Já chegou em um nível alto, por isso a tendência é que reduzam esse ritmo de leilões no futuro."

A ata do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) divulgada nesta quinta, afirmou Petrassi, já mostrou um cenário externo mais desafiador para o câmbio. Além disso, a percepção após discursos recentes do presidente do BC, Alexandre Tombini, é de que a autoridade vai permitir uma "desvalorização controlada" do real, segundo o operador da Leme.

Nesta quinta, o BC deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial, pelo total de US$ 197,9 milhões. A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar os vencimentos de 10.000 contratos de swap previstos para 2 de janeiro de 2015, por US$ 489,8 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 45% do lote total com prazo para o segundo dia do mês que vem, que equivale a US$ 9,827 bilhões.

BOLSA

Após passar quase todo o pregão em queda, o Ibovespa se recuperou no fim do dia e fechou em alta de 0,63%, aos 49.861 pontos. O volume negociado foi de R$ 6,4 bilhões.

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