O anúncio, pelo BCE (Banco Central Europeu), de um programa que destinará 60 bilhões de euros por mês para a compra de títulos públicos, com o objetivo de aquecer a economia e evitar a deflação da zona do euro, teve ampla repercussão no segundo dia de debates do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. A chanceler Angela Merkel, que participou nesta quinta (22) de um dos painéis do evento, disse que o plano anunciado pelo BCE não pode fazer com que os líderes dos países europeus deixem de promover as reformas estruturais necessárias. As informações são da Agência Brasil.
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Merkel reconheceu o progresso de países como Itália, Espanha e França, mas enfatizou que a Europa não está fora de perigo. "Precisamos promover crescimento e gerar empregos de longo prazo". Assim como o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi, eu seu discurso nesta quarta (21), a chanceler alemã também defendeu uma política mais voltada para o crescimento. "O argumento do crescimento com austeridade é uma dicotomia falsa. A Alemanha tem mostrado que uma política fiscal orientada para o crescimento é possível", ressaltou.
Vários líderes defenderam, em diferentes momentos do fórum, o avanço nas negociações para a criação de uma zona de livre comércio entre Estados Unidos e União Europeia, a chamada Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (Ttip, na sigla em inglês), que tem sofrido ampla oposição de sindicatos europeus. Além de Merkel, o primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, e o primeiro-ministro da Irlanda, Enda Kenny, pediram pelo avanço do acordo, que, se consolidado, seria o maior acordo de livre comércio do mundo. Rutte enfatizou que, com a parceria, a Europa poderia se beneficiar com até 5% de crescimento extra, sem ter que ampliar os gastos do governo.
As eleições parlamentares da Grécia, neste domingo (25), também foram tema de debate em Davos. Apesar da possibilidade de que o novo chefe do governo grego venha do partido radical de esquerda Syriza, líderes europeus acreditam que não há possibilidade de que o país abandone a zona do euro, renunciando à moeda única.
Mais de 2,5 mil líderes políticos, empresariais, cientistas e formadores de opinião participam do Fórum Econômico Mundial, que vai até este sábado (24). Em seu primeiro compromisso público depois de ser acusado de manter relações sexuais com uma menor, o príncipe britânico Andrew, Duque de York, segundo filho da Rainha Elizabeth, chegou a Davos nesta quinta (22), onde oferecerá uma recepção para empreendedores. O rei Abdullah, da Jordânia, acompanhado da rainha Rania, também participa do Fórum, onde falará sobre o avanço da paz e da segurança no Oriente Médio.
O terrorismo também fez parte da agenda de debates. O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, e o vice-presidente do Iraque, Iyad Allawi, pediram pela união das nações contra os grupos terroristas. "É uma só batalha, estamos lutando contra o mesmo terrorismo. O sangue que os terroristas derramam no Egito, no Iraque, na Síria, na Líbia, na Nigéria, no Mali, no Canadá, na França e no Líbano é da mesma cor. Temos que mobilizar todos os nossos esforços para eliminar esse flagelo onde quer que ele exista", afirmou al-Sisi.
Para o Brasil, o Fórum Econômico Mundial é uma boa oportunidade para explicar as mudanças adotadas na política econômica e tentar recuperar a confiança dos investidores. Essa é a missão do Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que, desde esta quarta (21), cumpre, em Davos, uma agenda de encontros com lideranças estratégicas. Nesta quinta (22) ele se reuniu com a diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, almoçou com investidores e, à tarde, participou de uma sessão de debates sobre governança financeira. Levy também tinha encontros agendados com o presidente-executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, e com o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luiz Alberto Moreno.