A zona do euro manifestou incômodo nesta sexta-feira (24) com o atraso grego nas negociações com seus credores e pediu ao país que as acelere, ao final da reunião em Riga que terminou sem acordo.
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"Tivemos uma discussão muito difícil com o ministro das Finanças grego (Yanis Varoufakis)", reconheceu o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, em coletiva de imprensa.
"Essas discussões são muito difíceis, refletem o grande sentimento de urgência", acrescentou.
A reunião dessa sexta-feira (24) na Letônia com os ministros das Finanças da zona do euro tinha como objetivo selar um acordo de Atenas com seus credores sobre um plano de reformas que permitiria à Grécia voltar a receber a ajuda financeira suspensa desde agosto.
A suspensão é da última parte, de 7,2 bilhões de euros, que completa os empréstimos recebidos pelo país desde 2010 no valor de 240 bilhões de euros.
Os representantes das economias da zona do euro reconheceram que houve alguns avanços, mas as diferenças continuam sendo muito importantes sobre a lista de reformas que o governo de esquerda grego se comprometeu a apresentar para obter o aval de seus credores.
"Ainda há grandes, grandes problemas", disse Dijsselbloem. "Somos todos conscientes de que o tempo pressiona. Perdeu-se muito tempo", insistiu.
Atenas e seus credores multiplicaram as reuniões nos últimos dias, a nível técnico e político. A Grécia deve pagar no dia 12 de maio aproximadamente 950 milhões de euros ao FMI, e depois pagar salários aos funcionários assim como as aposentadorias no final do mês.
"A falta de liquidez se transforma cada vez mais em um problema para a Grécia", ressaltou Dijsselbloem.
A isto soma-se a ameaça do Banco Central Europeu, que não exclui examinar novamente as condições da disponibilidade dos seus recursos aos bancos gregos, um mecanismo vital para o refinanciamento do país.
"Nossa mensagem é muito clara, é preciso acelerar desde hoje, intensificar os esforços e não há outra opção para uma Grécia estável e ancorada na zona do euro", insistiu Pierre Moscovici, o comissário europeu de Assuntos econômicos.
Primeira privatização
"Todos concordamos que é preciso acelerar", replicou o ministro Varoufakis. Ele disse à imprensa grega que as negociações costumam terminar como um "diálogo de surdos", que se deve à "compartimentação das discussões".
O único sinal de avanço veio de Atenas. O governo anunciou que concluiu a privatização das apostas hípicas, iniciada no governo anterior.
Trata-se da primeira privatização operada pelo governo de esquerda de Alexis Tsipras, no poder há três meses. Tsipras é muito reticente à cessão de ativos públicos a preços que considera excessivamente baixos, mas se encontra sob pressão dos credores da Grécia, ou seja do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE).
As promessas de campanha de Tsipras constituem um dos pontos de fricção entre Atenas e seus credores, entre elas a reforma da previdência, o aumento do IVA (imposto sobre valor agregado) e a desregulação do mercado de trabalho, que Atenas considera fronteiras que não devem ser ultrapassadas.
Antes da reunião, o ministro Varoufakis havia dito em seu blog que "as divergências não são insuperáveis".
"Nosso governo está disposto a racionalizar o sistema previdenciário (por exemplo, limitando as aposentadorias antecipadas) e a implementar privatizações parciais", indicou, citando dois dos pontos em discórdia entre Atenas e os credores.
Na quinta-feira, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, aproveitou a cúpula extraordinária sobre a imigração em Bruxelas, para defender sua causa em um encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, François Hollande. O primeiro-ministro grego se declarou "mais otimista" após os encontros.
O próximo Eurogrupo está previsto para 11 de maio em Bruxelas. Fala-se, entretanto, de uma reunião na semana que vem, caso se consiga um avanço significativo nas negociações, segundo uma fonte europeia.
"Mas o momento crucial é fim de junho, quando o segundo programa de assistência financeira para Grécia chega ao fim", destacou à AFP o ministro francês, Michel Sapin.