Com graves problemas de liquidez, a Grécia continuará cumprindo com suas obrigações financeiras enquanto puder, anunciou nesta segunda-feira (25) um porta-voz governamental, a poucos dias de vários vencimentos da dívida e sem que haja acordo com seus credores.
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"Na medida em que tivermos a possibilidade de pagar, cumpriremos com todas as obrigações", afirmou o porta-voz do governo grego, Gabriel Sakellaridis, em coletiva de imprensa.
Suas declarações foram feitas a menos de duas semanas do próximo vencimento, em 5 de junho, de uma dívida de Atenas de 300 milhões de euros com o Fundo Monetário Internacional (FMI), um dos credores do país.
A Grécia tem outros três pagamentos pendentes com o FMI ao longo de junho.
"É responsabilidade do governo estar em capacidade de cumprir com todas as suas obrigações", acrescentou o porta-voz. "Mas também é responsabilidade dos credores ser respeitosos com seus compromissos de empréstimos", afirmou Sakellaridis.
O porta-voz desmentiu com firmeza que a Grécia vá instaurar um controle de capitais a fim de frear o fluxo de saques dos depósitos bancários, muito intensos nos últimos cinco meses, apesar de serem conhecidos os problemas de liquidez do país.
Ele reiterou o objetivo do executivo grego de chegar a um acordo "no final de maio, início de junho" com os credores do país sobre a entrega de toda ou uma parte da parcela de 7,2 bilhões de euros que integra o segundo plano de ajuda financeira à Grécia, em curso desde 2012.
Essa quantia é indispensável para a Grécia, quase já sem liquidez, para enfrentar os vencimentos e, internamente, os pagamentos de salários dos funcionários e das aposentadorias.
O governo grego, eleito em janeiro com um programa anti-austeridade, tem resistido até agora às reformas que seus credores — FMI, União Europeia, Banco Central Europeu— exigem em troca de recursos.
O ministro da Economia, Yanis Varoufakis, garantiu nesta segunda-feira em um artigo na internet que a Grécia está disposta a aceitar as reformas, mas não uma nova onda de austeridade.
Depois de enumerar as reformas que o país aceita, Varoufakis explica por que as negociações não levaram a um acordo. "É simples: os credores da Grécia insistem em uma austeridade mais forte ainda para este ano (...) e nosso governo não pode, e não quer, aceitar um remédio que já mostrou por cinco longo anos que era pior do que a enfermidade".
"Não há dinheiro"
No domingo, o ministro grego do Interior declarou que seu país não tem dinheiro para reembolsar o que deve ao FMI no mês de junho.
"Os pagamentos ao FMI em junho ultrapassam 1,6 bilhão de euros. Não serão feitos, e não há dinheiro para fazê-los", declarou o ministro Nikos Voutsis ao canal Mega.
Concretamente, a Grécia tem que efetuar quatro pagamentos ao FMI no mês de junho. O primeiro deles é de 300 milhões de euros no dia 5.
Segundo conhecedores da dívida grega consultados pela AFP, o Estado tem recursos para fazer esse pagamento e para os salários e aposentadorias até o dia 12, dia do segundo pagamento ao Fundo.
O governo de Atenas teria assim o prazo de até 12 de junho para chegar a um acordo com seus credores, o que Alexis Tsipras espera conseguir.
A postura oficial do governo grego é que, se tiver que escolher, pagará salários e pensões, com a moratória sobre os pagamentos aos credores.
Varoufakis disse nesta semana em uma entrevista ao New York Times: "Nas próximas semanas não vou pagar ao FMI e ao mesmo tempo deixar de pagar as aposentadorias e os salários".