O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, convocou nesta segunda-feira (8) a Grécia a tomar duras decisões para superar a crise, enquanto a Alemanha advertiu que o tempo para alcançar um acordo entre Atenas e seus credores está se esgotando.
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"Os gregos vão ter que tomar duras decisões políticas que serão positivas para eles no longo prazo", afirmou o presidente americano ao final da cúpula do G7, realizada na região alemã da Baviera.
Obama insistiu, no entanto, em uma coletiva de imprensa, na necessidade de que a comunidade internacional leve em conta "os desafios extraordinários" enfrentados pela Grécia, país ameaçado de default ou de uma saída da zona do euro.
Por sua vez, também após o G7, a chanceler alemã Angela Merkel advertiu que não resta muito tempo para que um acordo entre a Grécia e seus credores seja alcançado.
"Não temos muito tempo e, portanto, devemos trabalhar duro", disse Merkel na coletiva de imprensa final da cúpula. "Agora cada dia conta para fazer o que precisa ser feito", acrescentou.
O tema grego foi "um entre outros" nos debates dos chefes de Estado e de governo do G7, disse Merkel, "e não ocupou muito espaço". Mas os não europeus no G7 (Estados Unidos, Canadá, Japão) se informaram sobre a situação das negociações com Atenas, admitiu a chanceler.
"Todos os que estão ao redor da mesa desejam que a Grécia permaneça na zona do euro", acrescentou, mas a mensagem para Atenas é que "a solidariedade dos europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) exige que a Grécia adote medidas e faça proposições".
Merkel disse que terá chance de falar sobre isso diretamente com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, na quarta-feira em Bruxelas, à margem de uma cúpula UE-América Latina.
Uma delegação grega, com dois emissários de Tsipras, estava nesta segunda-feira em Bruxelas para prosseguir com as negociações.
Por sua vez, o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, afirmou nesta segunda-feira em Berlim que seu país e a União Europeia (UE) devem fazer seu trabalho para alcançar um acordo que permita a entrega a Atenas de uma ajuda financeira, da qual precisa urgentemente.
"Já é hora de deixarmos de nos acusar mutuamente, já é hora de fazermos nosso trabalho (...) para alcançar um acordo", disse o ministro, referindo-se a declarações tensas, feitas no fim de semana, por ambas as partes.
O governo de esquerda radical da Grécia e seus credores - o FMI, a UE e o Banco Central Europeu (BCE) - negociam há cinco meses para desbloquear os 7,2 bilhões de euros correspondentes à última parcela do resgate que Atenas recebeu desde 2012.
A Grécia, quase sem liquidez, tem que enfrentar no âmbito interno o pagamento de pensões e salários de funcionários e, no exterior, o pagamento ao FMI de 1,6 bilhão de dólares até o fim de junho.
Os credores pedem que a Grécia realize reformas, algumas das quais - uma alta do IVA sobre a eletricidade ou cortes às pensões dos mais desfavorecidos, entre outras - são consideradas inaceitáveis para o primeiro-ministro grego, por contrariar suas promessas eleitorais.
Tsipras havia rejeitado na sexta-feira algumas das exigências de seus credores, classificando-as de absurdas.
Eleições antecipadas?
Por sua vez, o ministro grego do Trabalho, Panos Skourletis, havia afirmado na manhã desta segunda-feira que se estas negociações com os credores fracassarem "será preciso se dirigir ao povo", ou seja, realizar eleições antecipadas.
Interrogado sobre a possibilidade destas eleições antecipadas na Grécia - após as de janeiro, que levaram ao poder a esquerda radical do Syriza - o ministro disse à rede de TV Mega que "se não conseguirmos nada, estimo que será preciso recorrer ao povo (...) para que mostre o que deseja", afirmou Skourletis.
Uma pesquisa publicada no fim de semana pela rádio Parapolitika dava ao partido de esquerda radical no poder Syriza o primeiro lugar (45%), superando claramente os conservadores do Nova Democracia (21,4%).