O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, adotou nesta segunda-feira (15) um tom desafiador em relação aos credores, poucas horas depois de um novo fracasso nas negociações entre as duas partes sobre o programa de ajudas a Atenas.
"Vamos aguardar pacientemente até que as instituições se tornem mais realistas", afirmou a respeito dos credores - Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e União Europeia.
Tsipras criticou os credores pelo que chamou de "oportunismo político" ao tentar obrigar Atenas a cortar ainda mais as aposentadorias, uma medida que o governo antiausteridade sempre se negou a aplicar.
"Você só pode observar um propósito político na insistência dos credores em novos cortes nas pensões, após cinco anos de retiradas sob os resgates financeiros", afirmou o primeiro-ministro ao jornal Ephimerida ton Syndakton.
Alexis Tsipras também fez referência às concessões do governo grego desde o início das discussões e às críticas que geram no Syriza, seu partido, de esquerda radical.
"Alguns consideram uma fragilidade nosso desejo sincero de uma solução e os passos que demos para superar as diferenças".
"Não somos apenas os herdeiros de uma longa história de luta. Também carregamos sobre os nossos ombros a dignidade de um povo e a esperança dos povos da Europa", completou o primeiro-ministro grego.
A Grécia e os credores negociam a liberação da última parcela prometida a Atenas, de 7,2 bilhões de euros, em troca de um programa de reformas sobre o qual não conseguem chegar a um acordo.
O governo grego estaria, no entanto, disposto a aceitar os objetivos de superávit primário (fora do pagamento da dívida) fixados pelos credores para este ano (1%), segundo Annika Breidthardt, porta-voz da Comissão Europeia.
Este ponto representava um dos maiores obstáculos às negociações, já que a Grécia desejava um superávit primário del 0,6% para 2015. Atenas ainda não confirmou se aceitou as metas fiscais.
Os credores da Grécia apresentaram a Atenas uma proposta de cinco pontos, na qual insistem em um ajuste fiscal para o país e a reforma das aposentadorias.
"Agora corresponde à parte grega responder às generosas propostas das instituições", afirmou Martin Jäger, porta-voz do ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble.
A resposta da Grécia foi a esperada.
"Não aceitaremos medidas que aumentem o IVA sobre os bens de alimentação básica, nem uma redução das pensões", declarou o porta-voz do governo, Gabriel Sakellaridis.
Ao mesmo tempo, o porta-voz do governo afirmou que a Grécia não considera que as negociações com os credores do país estejam em um beco sem saída.
"Não queremos falar de beco sem saída", disse Sakellaridis.
"O governo tem por único projeto um acordo" com os credores, o FMI e a União Europeia, acrescentou.
A Grécia espera anunciar novos contatos com os credores rapidamente, disse o porta-voz.
A situação financeira da Grécia provoca temores sobre a possível saída da Eurozona, à medida que se aproxima o dia 30 de junho, data em que expira o programa de ajudas a Atenas, quando o país deve pagar 1,6 bilhão de euros ao FMI.
"Há um risco certo de saída que não seria bom para a Europa e, é claro, seria péssimo para o povo grego", afirmou José Manuel García-Margallo, ministro das Relações Exteriores da Espanha.