A maioria das bolsas europeias operou no vermelho nesta quarta-feira (26) apesar das medidas adotadas pelo Banco Central da China (PBOC), que não foram suficientes para acalmar os investidores.
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Os mercados europeus se mostraram muito voláteis ao longo da sessão, oscilando entre os terrenos positivo e negativo. Londres fechou com queda de 1,68%, Paris recuou 1,40%, Frankfurt e Madri caíram 1,29% e Milão, 0,81%.
"Enquanto o mercado não tiver maior visibilidade sobre o impacto da China na economia, existe o risco de que haja mais sessões voláteis", advertiu Mikaël Jacoby, da Oddo Securities.
As bolsas de Xangai e Shenzhen voltaram a fechar no vermelho, caindo, respectivamente, 1,27% e 3,05%.
"Apesar da intervenção do Banco Popular da China, persiste a preocupação pela saúde da segunda economia mundial já que as medidas adotadas poderiam ser muito tímidas para relançar a economia", estimam, em nota, os analistas de Saxo Banque.
O PBOC reduziu pela quinta ocasião as taxas de juros, em 0,25%, e diminuiu os encaixes compulsórios dos bancos, o que na prática equivale a uma grande injeção de liquidez.
Isso não foi o suficiente para tranquilizar os investidores da Bolsa de Xangai, cuja queda de hoje se soma às perdas de 8,5% de segunda-feira e de 7,63% de terça-feira. Desde meados de junho, Xangai caiu mais de 40%, quase um terço dos 150% de valorização em um ano.
O resto das praças asiáticas terminaram díspares: Tóquio subiu 3,20% depois de seis sessões de queda. Hong Kong recuou 1,52%.
Para os analistas, as bolsas chinesas não refletem em absoluto o estado da economia real. Além da instabilidade das bolsas, as dúvidas se concentram na capacidade da China de continuar atuando como a locomotiva do crescimento mundial.
A economia chinesa demonstra sinais de esgotamento desde meados de junho, apesar da valorização das ações da Bolsa nos últimos 12 meses.
Os últimos indicadores não fizeram mais do que confirmar a desaceleração da atividade no país, uma evolução preocupante já que a China representa mais de 13% da atividade mundial.
'Riscos de crash'
Muitos analistas se perguntam se as intervenções do PBOC bastam para reativar a máquina.
"Se as dificuldades dos mercados financeiros chineses e da economia real se agravam, sem que o governo consiga melhorar a situação, não se descarta um crash financeiro e econômico de longo alcance", comentou Christophe Donay, da Pictet Wealth Management.
"Atualmente é o maior risco para a economia e os mercados mundiais", considerou.
Embora sejam bem-vindas, as medidas expansivas do PBOC não vão conseguir reativar a economia, os investimentos nem o consumo, a menos que o governo adote medidas mais contundentes, em particular orçamentárias e de gasto público, opinam os analistas.
"É preciso dissipar o excesso de pessimismo e restaurar a confiança (dos investidores). Serão necessárias medidas de apoio adicionais nas próximas semanas e os próximos meses", insistiu Frederic Neumann, economista do HSBC em Hong Kong, citado por Bloomberg News.
Após décadas de crescimento de dois dígitos, as autoridades chinesas devem convencer que no futuro o incremento da atividade será muito mais moderado e duradouro, sustentado pelo consumo interno, em vez das exportações e dos investimentos, como tem sido até agora.
O caminho, contudo, exige sacrifícios. A China desvalorizou a sua moeda em 2% no dia 11 de agosto, garantindo que se trata de aproximar o iuane de seu valor "real".
Este gesto foi interpretado como um esforço para incentivar as exportações e suscitou dúvidas sobre o estado de suas finanças.