Os países do G20 prometeram neste sábado (27) que usarão de todos os instrumentos disponíveis, incluindo a política monetária, fiscal e reformas estruturais, para promover a recuperação econômica, apesar das reticências expressadas pela Alemanha durante a reunião em Xangai.
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As 20 maiores economias mundiais vão utilizar tanto em nível individual como coletivo para impulsionar o crescimento global, que "se situa abaixo dos objetivos", afirmaram os participantes em sua declaração final.
"Há crescentes temores de que haja mais revisões em baixa das perspectivas de crescimento mundial", acrescentaram os delegados.
Em suas últimas estimativas, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu as previsões de crescimento global de 3,3% a 3%.
"Concordamos que precisamos fazer mais para alcançar nossos objetivos comuns de crescimento mundial", assinalaram os ministros na declaração, na qual asseguram que utilizarão de todos os instrumentos disponiveis para alcançar este propósito.
No comunicado final, os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais afirmaram que, apesar da recuperação da economia global prosseguir, "ainda continua sendo desigual".
Esta reunião acontece em um momento em que o país anfitrião, a China, sofre com uma desaceleração de sua economia, cujo crescimento está no nível mais baixo dos últimos 25 anos.
Entre os riscos citados, os ministros e presidentes dos bancos centrais citaram "os fluxos de capitais voláteis, a possibilidade de uma queda forte dos preços das matérias-primas, o aumento dos riscos geopolíticos, o golpe que suporia a eventual saída do Reino Unido da União Europeia e o crescente número de refugiados em algumas regiões".
No comunicado, os ministros reafirmaram seu compromisso prévio de "abster-se de desvalorizações competitivas".
- Diferenças com a Alemanha -
No entanto, o ministro da Economia alemão expressou na sexta-feira, antes de se reunir com seus colegas do G20, que é contra os programas de estímulo fiscal, defendidos por outras potências como uma fórmula de reativação da economia mundial.
O ministro Wolfgang Schäuble afirmou em um seminário que as medidas de flexibilização monetária demonstraram ser "contra-producentes" e que os programas de estímulo fiscal com o aumento do gasto público "perderam a eficácia".
"O modelo econômico baseado no endividamento chegou ao seu limite", proclamou Schäuble, que só vê saída nas "reformas estruturais".
Uma advertência que parece ir na contramão de muitos países que integram o clube de potencias industrializadas e emergentes do G20.
Nesse sentido, o Banco Central Europeu (BCE) parece decidido a redobrar seus esforços para dar impulso à zona do euro e o Federal Reserve (Fed) se mostra cada vez mais prudente sobre a conveniência de voltar a subir sua taxa de juros, depois de tê-las aumentado em dezembro pela primeira vez em nove anos.
O Banco do Japão (BoJ) não hesitou em adotar taxas negativas, com a esperança de estimular o crédito e afastar o risco de deflação.
O banco central chinês (PBOC) manifestou nessa sexta-feira sua vontade de "conservar uma margem de manobra" para flexibilizar sua política monetária.
A receita de Schäuble para dinamizar a economia mundial é conhecida: lançar reformas estruturais, começando por sanear "prudentemente" as contas públicas.
A Alemanha é a principal economia da União Europeia (UE), mas seus sócios não parecem dispostos a compartilhar a intransigência de Schäuble em matéria de ortodoxia financeira.
O ministro da Economia francês, Michel Sapin, manifestou que concorda com o colega alemão. "É inoportuno lançar um programa global de impulso fiscal", mas considerou que os países com maiores capacidades orçamentárias devem utilizá-las para "sustentar o crescimento global".