Numa sessão bastante técnica, o dólar à vista subiu nesta segunda-feira (21), 1,03% ante o real, aos R$ 3,6163, com investidores reagindo ao anúncio, ocorrido na sexta-feira, de que o Banco Central realizaria hoje leilão de swap cambial reverso (equivalente à venda de dólares no mercado futuro). Só que a divisa para abril - a mais líquida no Brasil e, no limite, a principal referência para os negócios - acabou recuando hoje, em função das condições oferecidas pelo BC na operação com swap reverso. Perto das 17h38, o dólar para abril cedia 0,34%, aos R$ 3,6225.
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No fim da tarde de sexta-feira, o Banco Central havia realizado junto aos dealers uma pesquisa de demanda por contratos de swap cambial reverso. Isso fez o dólar para abril ganhar força na reta final e fechar praticamente estável - só que os negócios no mercado à vista já estavam encerrados. À noite, o BC confirmou para hoje um leilão de até 20.000 contratos (US$ 1 bilhão) de swap cambial reverso - operação cujo efeito prático é de compra de dólares no mercado futuro.
Neste cenário, nesta segunda surgiram ajustes nas cotações entre os mercados à vista e futuro logo cedo. A moeda para abril abriu em alta e chegou a marcar uma máxima de R$ 3,6570 (+0,61%) às 9h54, sendo que no mesmo horário a divisa à vista marcou a máxima de R$ 3,6473 (+1,89%). Só que, depois disso, a moeda para abril começou a perder força, em meio à avaliação de que as condições do leilão de swap reverso do BC limitavam o efeito sobre as cotações nesta segunda-feira.
Isso porque a data de início do contrato (equivalente à compra de dólares no mercado futuro) seria o dia 1º de abril e não hoje (com liquidação em D+2), como de costume. "Se o Banco Central tivesse feito com data de hoje, ele iria influenciar a ptax de hoje. Mas de repente não é isso que ele quer. O fato é que, ao fazer o swap reverso com data de 1º de abril, muitos investidores não precisaram sair comprando dólares. O efeito foi diluído", comentou um profissional de banco.
Além disso, quando a operação de fato ocorreu, o BC vendeu apenas 5.500 contratos de swap reverso (US$ 272,7 milhões), ou 27,5% da oferta total de 20.000 contratos (US$ 1 bilhão). Neste caso, de acordo com profissionais ouvidos, não é possível saber se o problema foi falta de demanda por parte do mercado ou se o BC acabou não aceitando as taxas oferecidas. O fato é que, em meio às dúvidas sobre o swap reverso, os investidores se voltaram mais para o cenário político brasileiro, que mantinha o viés baixista para o dólar futuro.