A França ameaça rejeitar um grande acordo de livre-comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos, ao dizer que a iniciativa é favorável demais às companhias norte-americanas e provavelmente está condenada ao fracasso.
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O presidente francês, François Hollande, disse na terça-feira (3) que seu país "nunca aceitará" sacrificar o setor agropecuário e cultural em troca de melhor acesso ao mercado dos EUA. "É por isso que, neste estágio, a França diz não", afirmou Hollande, do Partido Socialista, durante uma conferência de políticos de esquerda.
Mais cedo, o ministro do Comércio francês, Matthias Fekl, disse à rádio Europe-1 que as negociações "estão totalmente bloqueadas" e que a interrupção das conversas "é a opção mais provável". Ele insistiu que é preciso conseguir mais proteções para o setor agropecuário e ambientais, além de acrescentar que "em seu estágio atual, a França não pode assinar isso". "A Europa está dando muito, mas recebendo pouco em troca", argumentou o ministro.
Autoridades europeias parecem endurecer a retórica, após o Greenpeace vazar grande quantidade de documentos confidenciais, os quais sugerem que a UE está sob pressão dos EUA para enfraquecer proteções dos consumidores em setores importantes. O negociador-chefe da UE, Ignacio García Bercero, disse que as conclusões da organização não governamental são "falsas", enquanto o porta-voz do representante de Comércio dos EUA, Trevor Kincaid, disse que as interpretações estavam em alguns pontos equivocadas.
Ainda assim, García Bercero disse que continua a haver divergência entre os dois lados, após a 13ª rodada de conversas na semana passada. A campanha eleitoral dos Estados Unidos complica as negociações, o que torna mais difícil que o presidente dos EUA, Barack Obama, consiga um acordo antes de deixar o cargo.
A França e alguns outros países europeus com uma tradição culinária e agropecuária rica estão particularmente preocupados, já que as políticas dos EUA dão mais liberdade ao comércio de comida geneticamente modificada, bem como de carne com hormônios A França também quer proteger sua indústria cinematográfica, ao temer a eventual dominação de Hollywood. Fonte: Associated Press