O impacto do Brexit continuou causando estragos nos mercados e na libra esterlina nesta segunda-feira (27), quando empresários britânicos e investidores já começam a calcular o custo dessa aventura.
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Às 09H00 GMT (06H00 horário de Brasília) Londres já registrava perdas. As ações do ramo imobiliário, das companhias aéreas e bancário foram os mais afetados.
A Easyjet caiu 16% após emitir uma advertência sobre seus resultados, e o IAG, consórcio de British Airways e Iberia, recuou em 9,36%.
O Royal Bank of Scotland teve queda de 15%, o Lloyds Banking Group de 8,89%, e o Barclays de 10,23%.
A libra esterlina registrou no meio da manhã seu pior patamar dos últimos 30 anos, batendo o recorde precedente de sexta-feira, a 1,3222 em relação ao dólar. Em relação ao euro registrou o menor valor em dois anos, a 83,26 pences por euro.
O governo de David Cameron declarou que a economia é forte e que poderá enfrentar a tempestade financeira, e que a saída oficial da União Europeia só acontecerá com as negociações para determinar o futuro.
"Só o Reino Unido pode ativar o artigo 50 (sobre a saída de um Estado-membro da UE). Na minha opinião, devemos fazer isso quando tivermos uma clara visão dos novos acordos com nossos vizinhos europeus", explicou em um discurso na sede do Tesouro britânico o ministro das Finanças, George Osborne.
No entanto, é justamente essa incerteza que provoca calafrios entre os presidentes de grandes companhias e fundos de investimento.
"Osborne não parece ter um rumo claro", comentou à AFP Joe Rundle, chefe de investimento da ETX Capital.
"A situação pode mudar muito rapidamente. Cabe esperar altos níveis de volatilidade nos próximos dias e semanas", acrescentou.
- Deslocamentos e incerteza -
Um quinto dos dirigentes empresariais britânicos prevê deslocar uma parte de suas atividades, enquanto que dois terços considera que o Brexit é negativo para seus negócios, segundo os resultados de uma pesquisa nesta segunda-feira.
Durante o fim de semana passado, enquanto a população britânica digeria o resultado do referendo, a federação de empresários britânicos, o Instituto de Diretores (IoD) lançou uma pesquisa entre mais de mil de seus membros.
A pesquisa aponta que 64% desses dirigentes acha que a saída do Reino Unido da União Europeia será "negativa para sua atividade".
Um quarto dos entrevistados (24%) prevê congelar contratações e mais de um quinto (22%) estuda deslocar certas operações.
"A maioria das empresas acha que o Brexit será negativo, e seus projetos de investimento e contratações ficam paralisados", comentou Simon Walker, diretor-geral do Instituto.
A diretora-geral da maior organização patronal britânica (CBI), Carolyn Fairbairn, afirmou em uma coluna no jornal Times que o impacto da decisão de Brexit "não deve ser subestimada".
"o governo deve atuar com urgência para minimizar a incerteza que pesa sobre as decisões de investimento, que freiam por sua vez a geração de empregos", disse Fairbairn.