ÍNDICE

Comércio exterior da China segue perdendo força por fraca demanda externa e interna

Nos sete primeiros meses de 2016, o volume do petróleo importado pela China subiu 12,1% em um ano

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 08/08/2016 às 14:48
Foto: Reprodução/ AFP
Nos sete primeiros meses de 2016, o volume do petróleo importado pela China subiu 12,1% em um ano - FOTO: Foto: Reprodução/ AFP
Leitura:

Os intercâmbios comerciais da China voltaram a cair em julho, segundo dados publicados nesta segunda-feira, que refletem tanto as incertezas da economia mundial como a fraca demanda interna da potência asiática.

As exportações chinesas totalizaram 184,7 bilhões de dólares, uma queda de 4,4% em relação a julho de 2015, em seu quarto mês consecutivo de retrocesso, afirmou a Administração de Alfândegas.

As importações caíram pelo 21º mês consecutivo, 12,5%, a 132,4 bilhões de dólares.

Esses números são muito piores do que o esperado: os analistas consultados pela agência Bloomberg previam uma queda de 3,5% das exportações e de 7% das importações.

As estatísticas das Alfândegas são acompanhadas cuidadosamente para avaliar a saúde da segunda maior economia do mundo: o comércio exterior continua sendo um dos pilares do PIB chinês, apesar dos esforços de reequilíbrio realizados por Pequim.

As exportações já haviam baixado mais de 4% em maio e quase 5% em junho, apesar da desvalorização da moeda chinesa as terem tornado mais atrativas.

"O reforço da atividade industrial nos sócios comerciais chave da China não comportaram nenhum aumento das exportações [...] e o crescimento mundial continuará sendo sombrio neste ano", comentou Julian Evans-Pritchard, especialista do Capital Economics.

As alfândegas destacaram no mês passado o aumento do custo da mão de obra chinesa, as perdas de pedidos devido à deslocalização da indústria e a incerteza econômica que paira sobre os países desenvolvidos.

"O crescimento sem brilho que esperamos da Europa e do Japão no segundo semestre provavelmente continuará comportando uma redução das exportações chinesas", afirmou Louis Lam, do banco ANZ.

Anteriormente, as Alfândegas tinham publicado os resultados em moeda chinesa e eles indicavam um aumento de 2,9% ao ano das exportações, o que reflete a forte desvalorização do iuane em relação ao dólar ao longo do ano.

Em iuanes, os intercâmbios da China com a União Europeia, seu principal parceiro comercial, avançaram nos sete primeiros meses do ano (+1,8%), enquanto que aqueles com os Estados Unidos e com os países do sudeste asiático (Asean) caíram 4,8% e 2,2% respectivamente.

Fuga de capitais

A situação é igualmente ruim no plano das importações, em queda contínua desde há quase dois anos, enquanto os preços de algumas matérias-primas baixaram.

Nos sete primeiros meses de 2016, o volume do petróleo importado pela China subiu 12,1% em um ano, estimulado pelo preço de compra atraente (dado que a cotação do barril caiu em média 26%).

Mesmo assim, a queda prolongada e interminável das importações chinesas demonstra, segundo os especialistas, uma economia em crise.

A atividade das empresas exportadoras foi bastante afetada, embora a venda, barômetro do consumo, continue forte (+10,3% no primeiro semestre), ressaltou Lam.

"A queda repentina das importações em junho sugere que houve uma queda do investimento interno", apontou Yang Zhao, analista da Nomura.

Segundo Yang, a única opção que restará a Pequim será introduzir novas medidas de flexibilização monetária durante este ano.

Esses maus resultados se inserem em um panorama nebuloso para a segunda maior economia do mundo: a indústria continua arrastada por capacidades excessivas de produção em massa; o aumento da dívida pública e privada preocupa; e as prometidas reformas estruturais estão estagnadas.

O governo se esforça para reequilibrar o modelo de crescimento do país em serviços, as novas tecnologia e o consumo interno, mas a transição está sendo dolorosa.

O excedente comercial anual chinês aumentou em 52,3 bilhões de dólares em julho, contra US$ 48,1 bilhões no mês anterior, afirmaram as alfândegas.

Esse excedente não impediu uma redução de 4,1 bilhões de dólares nas reservas de divisas do país em julho (um dado publicado no domingo pelo Banco Central), o que, segundo Nomura, evidencia uma fuga de capitais "ainda considerável" para fora da China.

Últimas notícias