O dólar teve novo dia de queda, a segunda consecutiva, e chegou a ser negociado a R$ 4,18, mas o movimento perdeu fôlego na parte da tarde e a divisa voltou ao nível de R$ 4,20. O câmbio foi influenciado pelos dados bons do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no terceiro trimestre, e pela fraqueza do dólar no exterior, que recuou ante divisas fortes e a emergentes A moeda americana fechou a terça-feira em baixa de 0,15%, a R$ 4,2056.
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Trump
A relação comercial dos Estados Unidos com seus parceiros foi novamente um dos principais fatores a enfraquecer o dólar no mercado financeiro mundial. Após anunciar, na segunda (02), tarifas ao aço do Brasil e Argentina, o governo de Donald Trump quer taxar produtos da França e outros países europeus. O presidente americano afirmou ainda que o acordo comercial com a China pode ficar para 2020. "É a guerra comercial dos EUA com o resto do mundo", afirma a economista da corretora Stifel, Lindsey Piegza. Nesse ambiente, o dólar operou em queda ante a maioria das moedas, fortes e emergentes.
No mercado doméstico, a notícia do dia foi a divulgação do PIB brasileiro do terceiro trimestre, que superou as estimativas e levou bancos como Goldman Sachs e Citi a revisarem para cima a perspectiva de crescimento para este ano e o próximo. O economista-chefe do Goldman para a América Latina, Alberto Ramos, destaca que a demanda doméstica, puxada pela aceleração do consumo privado e um "robusto" crescimento do investimento ajudaram a fazer o PIB do terceiro trimestre avançar mais que o esperado.
Já o Bank of America Merrill Lynch avalia que o PIB trimestral mostra avanço da retomada econômica e começa a dar conforto para o investidor estrangeiro voltar ao Brasil. O banco projeta o dólar em R$ 3,84 no final de 2020, de acordo com o relatório divulgado nesta terça-feira. A combinação de dólar mais fraco no exterior e aumento da confiança dos agentes no Brasil, por conta do maior crescimento do PIB e avanço de reformas, deve contribuir para valorizar o real, ressalta o relatório.
O diretor de uma corretora avalia que, se o PIB avançar mais em 2020, deve vir mais dólares para o Brasil, o que tende a manter o real mais fortalecido. Por outro lado, os juros historicamente baixos no País devem limitar uma apreciação maior da moeda brasileira, ressalta ele. Neste ano, este executivo ressalta que alguns ruídos políticos atrapalharam a vinda dos recursos externos, como as declarações polêmicas do presidente Jair Bolsonaro e ainda reflexo da questão ambiental na Amazônia.