O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel disse que o resultado das contas externas anunciado nesta quarta-feira (24) foi recorde para o mês de março, o primeiro trimestre do ano e também no acumulado de 12 meses, até o mês passado. "Observamos uma ampliação do déficit em transações correntes de quase US$ 13 bilhões no primeiro trimestre do ano". A série mensal do BC começou em 1990 e a anual, em 1947.
Maciel comentou que o resultado mensal, negativo em US$ 6,873 bilhões, ficou próximo ao que a instituição previa, de um déficit de US$ 6,3 bilhões. Maciel fez questão de enfatizar que essa diferença no trimestre é contraparte da entrada de poupança externa no País. "Isso é benéfico, pois complementa a poupança interna para investimentos no País. Este é um ponto relevante quando se avalia a questão da sustentabilidade do crescimento econômico", considerou.
COMÉRCIO EXTERIOR - Segundo Maciel, mais da metade do aumento do déficit do setor externo no primeiro trimestre deste ano se deve ao comércio exterior. Dos US$ 13 bilhões de aumento do rombo visto na passagem dos três primeiros meses do ano passado para igual período em 2013, aproximadamente US$ 7,5 bilhões se devem à balança comercial.
Maciel salientou que, nesse período do ano passado, a balança registrava um superávit de US$ 2,4 bilhões e no primeiro trimestre deste ano o déficit é de US$ 5,2 bilhões. "Outro fator determinante é a remessa de lucros e dividendos, que no primeiro trimestre deste ano está US$ 12,7 bilhões acima de igual período do ano passado", disse.
O chefe do Departamento Econômico do BC afirmou que os resultados da balança comercial e das remessas de lucros e dividendos são dois itens associados ao momento da economia. "Agora, a economia mostra mais dinamismo. O IBC-Br está apontando para um PIB melhor para este trimestre do que o de 2012. Há outro ritmo de crescimento econômico e isso traz implicações para as contas externas, em particular nestas duas contas", argumentou. Maciel disse, ainda, que as exportações estão em declínio e as importações crescem em torno de 6%, com a maior demanda por bens e serviços externos.
EXPORTAÇÕES - A queda nas exportações no primeiro trimestre de 2013 em relação a 2012 reflete, principalmente, a recuperação mais lenta da economia global, segundo Maciel. "Temos Europa, EUA e mesmo China, que cresce em ritmo mais elevado, mas o resultado anunciado recentemente ficou abaixo do esperado por analistas. Isso repercute nas exportações", afirmou. Maciel disse ainda que a safra de soja neste ano foi mais tarde.
Em relação às importações, ele explicou que os números também refletem o momento da economia. "O crescimento das importações de bens de capital está acima de 10%. Estamos observando retomada do investimento nesse período. Isso está visível nos dados de importação. Bens intermediários também mostram crescimento". Segundo o executivo do BC, a mudança na contabilização das compras de combustíveis não é o fator principal. "O quadro geral está associado ao momento da economia brasileira e ao cenário global."