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Se a 3G é falha, imagina a 4G...

Empresas ainda estão começando os investimentos na chamada 4ª geração, mas a julgar pelos resultados da 3ª, o consumidor continuará tendo problemas

Da editoria de economia
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Publicado em 30/07/2013 às 10:16
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Percorrendo de carro 16 Estados brasileiros nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, nos meses de março e abril, a Associação Proteste de Consumidores, descobriu o que o brasileiro já sente na prática: a qualidade do serviço de telefonia 3G é ruim. De acordo com a entidade, nenhuma das quatro grandes operadoras que fornecem o serviço conseguiu um percentual de 51% de cobertura no trajeto. “A tecnologia deixa a desejar em velocidade de download e upload e não há cobertura nas estradas”, diz a diretora da entidade, Maria Ines Dolci. O mais curioso é que as empresas de telefonia que falham na 3G são as mesmas que concorrem entre si pela 4G: TIM, Claro, Vivo e Oi.

Foram percorridos cinco mil quilômetros de estradas, passando pelos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Proteste constatou que há muitos trechos com conexões precárias ou até mesmo inexistentes. Navegar na internet móvel em alta velocidade, só mesmo nas capitais ou em algumas das regiões metropolitanas. Longe dessas áreas, quando a conexão é possível, dificilmente é rápida, atesta.

“No geral, o resultado é muito ruim para todas as operadoras. Há muitas regiões sem cobertura nenhuma e, mais ainda, com cobertura de baixa qualidade. Apesar da falta de qualidade, as operadoras cobram um valor alto para o teórico acesso 3G. As diferenças entre os planos básicos e os mesmos planos com 3G podem chegar a R$ 100,00.”

Segundo Maria Ines, a iniciativa foi tomada para lembrar da resolução da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) que se comprometeu a aferir a qualidade do serviço de telefonia celular depois que a sua entidade acionou a agência na Justiça sobre a má prestação de serviço em 2009. “Essa regulamentação saiu em 2011 e a Anatel só começou a aferir a qualidade agora, mas sem nenhum resultado”, diz. Para dar maior impacto em sua campanha, a Proteste lançou o portal www.embuscado3gperdido.com.br, onde coleta depoimento de clientes insatisfeitos com o serviço. “Criamos esse site para que as pessoas possam relatar a falha de sinal e suas experiências para que possamos tomar medidas de forma a exigir um melhor sinal”, comenta a dirigente, lembrando que apesar de a Anatel negar, as operadoras teriam que também entregar sinal nas estradas, pelo menos para os casos de chamadas de emergência.

A Anatel, por sua vez, confirma que as operadoras de telefonia móvel não têm obrigação de cobrir com sinal as estradas brasileiras. “O serviço móvel não tem obrigação de universalização. Este é um compromisso da telefonia fixa”, informa a agência através de sua assessoria de imprensa. Segundo a Anatel, a diferença é que o serviço móvel é prestado por empresas privadas e não por concessionárias. Em sua defesa, a agência argumenta que iniciou uma política em 2007, com o leilão da rede 3G, que levou o sinal de celular para 1.836 municípios brasileiros neste período até hoje.

Batizada de “filé com osso”, as regras do espectro 3G obrigou as empresas que vencessem a licitação em mercados considerados bons, a exemplo de São Paulo, também teriam de investir em municípios mais afastados. 

Sobre o acompanhamento da qualidade, a Agência informa que, desde o ano passado, passou a exigir das empresas melhorias em questões relativas a completamento e queda de chamadas e serviços de dados. Desde julho de 2012, quando a Anatel suspendeu a venda de novos chips das piores operadoras, já foram divulgados três relatórios. O último, divulgado na sexta passada, foi considerado positivo pelo órgão regulador, pois as operadoras atingiram as metas definidas.

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