O apagão que deixou todos os Estados do Nordeste às escuras em agosto rebateu na produção industrial da região, que fechou o mês com queda de 2,2% na comparação com julho. A Bahia teve a mais intensa perda (-8,6%) e de maior impacto para o total da indústria entre todas as Unidades da Federação pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pernambuco apresentou recuo de 0,8% no período.
Até agora, não foram apontadas as responsabilidades e as consequentes punições para o apagão que deixou o Nordeste sem energia por cerca de três horas no dia 28 de agosto. O transtorno foi consequencia de queimadas na fazenda Santa Clara, no interior do Piauí. No início de setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou que a “falta de limpeza” das faixas das linhas de transmissão deixou que a vegetação atingisse um “porte inadequado” no local e causasse o transtorno. Mas, até o momento, a política quanto aos resultados da apuração do caso tem sido de silêncio.
A forte retração baiana, a primeira após cinco meses de expansão da atividade produtiva no Estado, se deve ao perfil da indústria, intensiva no uso de energia e focada em setores como química e petroquímica. A indústria química sofre mais os efeitos da falta de energia porque, quando uma unidade tem de ser desligada, ela demora muito tempo para voltar a operar, diz Rodrigo Lobo, técnico do IBGE.
No Rio de Janeiro, que também teve uma das maiores contribuições negativas para o período, a queda de -4,2% foi ditada pela menor produção da petróleo da Petrobras, pelo recuo da produção da indústria farmacêutica e a paralisação de uma montadora no Estado.
Em nível nacional, o setor registrou estabilidade de julho para agosto. Ao todo, sete áreas produziram mais. O mesmo número de Estados reduziu seu nível de atividade. No índice acumulado do ano, a indústria registra uma alta modesta de 1,6%. Nessa comparação, 11 locais apontaram taxas positivas e três apresentaram retração.
Em Pernambuco, o recuo de 0,8%, segunda taxa negativa consecutiva. Entre as maiores retrações verificadas pelo IBGE estão as dos setores têxtil, de calçados e artigos de couro, produtos químicos, borracha e plástico e produtos de metal.
Na comparação com agosto do ano passado, a produção industrial pernambucana caiu -0,4% e, no acumulado de 12 meses, -0,6%. De janeiro a agosto deste ano, no entanto, foi registrada expansão de 0,9%.
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