Puxado pelo encarecimento do tomate, que apresentou alta de quase 30%, o grupo Alimentação deu um salto de 0,21 ponto porcentual na passagem do final de outubro para a primeira leitura de novembro no âmbito do Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O produto subiu 29,65% no período, contra 15,82% na leitura anterior, e ocupou o topo das elevações mais significativas do IPC-S da primeira leitura do mês.
Com o aumento, o grupo Alimentação, que teve inflação de 1,14% no período, atingiu a maior variação desde a segunda leitura de abril (1,37%), informou há pouco ao Broadcast o coordenador IPC-S, Paulo Picchetti. Na primeira pesquisa de novembro, o IPC-S teve variação de 0,63%, após 0,55% no levantamento passado.
"O tomate está encabeçando a lista das maiores pressões. Há informações de quebra de safra por causa do clima. Trata-se de uma cultura bastante volátil, espalhada e que sempre surpreende" avaliou.
O economista explicou que o movimento de preços elevados reflete um minichoque de ofertas do lado dos alimentos in natura que está afetando com mais força os legumes e hortaliças. Esses alimentos apresentaram alta quase seis vezes maior na primeira leitura de novembro em relação à quarta de outubro. O subgrupo registrou elevação significativa de 5,75%, ante 0,91% no fim do décimo mês do ano. Segundo Picchetti, da aceleração de 0,08 ponto porcentual de um IPC-S para o outro, 0,05 ponto resultou do aumento das hortaliças e legumes. "Basicamente, o subgrupo é o grande responsável pela intensificação da alta do índice", disse.
Além do tomate, Picchetti ressaltou que outro produto que também está pressionando o grupo Alimentação é a batata-inglesa, que subiu 2,10% na primeira leitura do penúltimo mês do ano. Apesar da alta, o economista acredita em alívio na inflação de alimentos, pois alguns produtos estão em queda no atacado, inclusive a batata. Ele citou a deflação de 15,71% do produto na primeira prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), da FGV, que desacelerou para 0,30% (ante 0,85%).
"Há sinais de abrandamento. Os preços da batata-inglesa, dos ovos e das aves estão caindo no atacado. E o atacado prenuncia o comportamento do varejo. Tem ainda os preços das carnes bovinas que estão desacelerando no IGP-M. É mais um item que deve ajudar a Alimentação. Só o tomate segue em alta no atacado, mas não deve subir continuamente ao longo das próximas leituras", estimou, completando que outros produtos já estão recuando no IPC-S, como o leite tipo longa vida, que cedeu 2,13% na primeira leitura de novembro.
CIGARROS - De acordo com o coordenador o IPC-S, o reajuste médio de 14% nos produtos da fabricante Souza Cruz no último dia 2 já refletiu na segunda leitura do mês. Segundo a FGV, a alta de 0,52% do grupo Despesas Diversas, depois de aumento de 0,25%, foi impulsionado pela elevação de 0,48% dos cigarros na primeira leitura de novembro. No final de outubro, o item cigarros apresentou estabilidade. "Já é o reajuste. Deve ter um impacto de 0,05 ponto porcentual no IPC-S do fim deste mês", previu.
Picchetti disse que mantém a expectativa de inflação de 0,70% no índice cheio de novembro e de 5,70% para a taxa no fechamento de 2013. "O grupo Alimentação deve continuar pressionando, mas pode diminuir a intensidade, embora ainda deva ficar com taxa elevada ao redor de 1%", estimou.