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Brasil é o único em recessão entre os países do Brics

Até mesmo os russos, afetados pelas sanções impostas por Estados Unidos e Europa em função da crise na Ucrânia, conseguiram evitar dois trimestres seguidos de queda no PIB

Do JC Online
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Publicado em 30/08/2014 às 10:13
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O Brasil teve o pior desempenho entre os países do grupo Brics - que conta ainda com Rússia, Índia, China e África do Sul - no segundo trimestre deste ano, sendo o único dentre essas grandes economias emergentes em recessão técnica.

Até mesmo os russos, afetados pelas sanções impostas por Estados Unidos e Europa em função da crise na Ucrânia, conseguiram evitar dois trimestres seguidos de queda no PIB. 

Índia - A trajetória de desempenho fraco pode antecipar a destituição do Brasil do posto de sétima maior economia do mundo. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Índia deve ultrapassar o País em termos de PIB em 2018.

"Mas isso considera projeções otimistas, então pode acontecer antes", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, apostando que ocorra em 2017. Hoje, a Índia figura na 10ª colocação. 

O FMI projeta crescimento de 1,3% para a economia brasileira em 2014 e de 2,0% em 2015, conforme o relatório Perspectiva Econômica Global atualizado em julho. O economista, contudo, considera esses resultados irrealizáveis. Ele projeta avanço de 0,2% neste ano e de 1,0% no ano que vem. A Índia, por sua vez, deve expandir 5,4%, acelerando para 6,4% em 2015, segundo o FMI.

"O Brasil de fato mudou de rumo. Isso reflete a falta de visão de médio e longo prazo. As medidas adotadas pelo País foram míopes, no sentido de ter um crescimento puxado por muito consumo e pouco investimento", avaliou Rostagno. "O governo esqueceu de preparar o País para o futuro", completou o economista.

Estados Unidos - No segundo trimestre, o crescimento da economia brasileira também ficou atrás de Estados Unidos, Alemanha e Itália (que teve recuo de 0,2% em relação a igual período de 2013), país ainda fragilizado pela crise na zona do euro e pela ausência de reformas. 

No mesmo período, o PIB brasileiro registrou queda de 0,9%. 

"Isso mostra que o Brasil sofre mais com questões internas. Nossas exportações contribuíram positivamente", afirmou Rostagno que levantou os dados a pedido do Estado. 

Segundo ele, os crescimentos da China (7,5%) e dos Estados Unidos (2,5%) no segundo trimestre em relação a igual período de 2013 reforçam que as dificuldades brasileiras são no plano doméstico. "Os Estados Unidos tiveram um primeiro trimestre ruim mas foi por causa do clima", disse.

Ucrânia - Em outro levantamento, a Austin Rating listou o desempenho de 37 países, e o Brasil superou apenas a Ucrânia, que enfrentou queda de 4,7% no segundo trimestre em comparação a igual período do ano passado.

A Ucrânia está em conflito com a Rússia, acusada de invasão territorial e de fornecer armas e suprimentos a rebeldes separatistas. 

Setor externo - O setor externo salvou o PIB brasileiro de registrar um recuo ainda mais intenso no segundo trimestre. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as exportações cresceram 2,8% em relação aos três primeiros meses do ano, enquanto as importações caíram 2,1%. 

"Mas é um positivo por razões negativas. A queda nas importações se deu porque a demanda do mercado interno está se retraindo", observou José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). "Isso é determinado principalmente pela indústria, que está reduzindo compras de insumos e componentes", acrescentou Castro. 

Importações - Diante do elevado endividamento e da renda crescendo menos, os consumidores acompanham o movimento de moderação nas compras, o que também ajuda a reduzir as importações.

Do lado das exportações, os embarques de soja garantiram o bom desempenho. "O setor extrativo mineral também está crescendo muito", observou Rebeca Palis, gerente de Contas Nacionais do IBGE. 

Para o terceiro trimestre, as exportações devem continuar crescendo, ainda que num ritmo mais tímido. A "vedete" da vez, disse Castro, será o petróleo, cujos embarques devem crescer na esteira da recuperação na produção. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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