Interrompendo a sequência de três quedas, o Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) subiu 0,31% em setembro. Mas os preços não devem seguir avançando num ritmo muito mais intenso, comentou nesta quarta-feira (17) o superintendente adjunto de inflação da Fundação Getulio Vargas (FGV), Salomão Quadros. "O que se pode esperar a partir de agora é que até suba um pouco mais, mas não há nada que sugira avanço maior", disse. "De forma geral, tudo indica que, se houver avanço (nos IGPs), será muito gradual", acrescentou.
De acordo com Quadros, alguns produtos estão em elevação, mas o movimento não é generalizado. "Os fatores de pressão encontram contrapesos", explicou, atribuindo a esta combinação a perspectiva de que o cenário de preços mantenha este comportamento entre setembro e outubro.
Neste mês, as principais elevações ocorreram na cadeia de carnes. No atacado, bovinos avançaram 3,22%, enquanto a carne bovina frigorificada ficou 7,23% mais cara. "A entressafra sozinha não provocaria um repique tão intenso de preços. As notícias de quem (os produtores) poderia exportar maior quantidade foram mais importantes", citou o superintendente.
Além disso, grãos como soja, milho e trigo ainda tiveram preços em queda, mas em menor intensidade do que em agosto - o que contribuiu para a aceleração do índice. No entanto, o minério de ferro segue no terreno negativo, com recuo de 5,42% em setembro, e os alimentos in natura, como tomate e batata-inglesa, ficaram ainda mais baratos, mostrando que a queda de preços renovou o fôlego nesses produtos.
No caso das carnes, contudo, Quadros alerta que a expectativa de vendas dos produtores pode não se concretizar, o que provocaria uma correção dos preços na sequência. "Essa é mais uma razão para não traçar um cenário de aceleração", afirmou. A soja, por sua vez, conta com o bom cenário projetado para a safra dos Estados Unidos, com constantes revisões cada vez mais otimistas. "Não vejo condição para a soja subir de preço agora", disse o superintendente.
No varejo, a alta das carnes também pesou no bolso dos consumidores. O item ficou 1,35% mais caro, segundo a FGV. A alimentação no domicílio, porém, subiu 0,08%, uma taxa considerada baixa. "Ela vai acabar subindo, mas será uma alta suave", disse Quadros.