O preço do minério de ferro em 2015 deve ficar entre US$ 80 e US$ 85 por tonelada, prevê o Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda). "Tem gente falando em minério de ferro a US$ 70, mas acho um pouco forte", afirmou o presidente do instituto, Carlos Loureiro.
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O executivo explicou que existe um problema de excesso de oferta mundial de minério de ferro que está pressionando os preços, mas ele acredita que este movimento levará produtores de alto custo a fecharem suas minas, reduzindo a oferta no médio prazo. "O preço do minério vai depender da capacidade de as mineradoras chinesas aguentarem este nível de preço", disse.
Segundo ele, existem produtores chineses com custo de produção superior a US$ 100 por tonelada que deixam de ser competitivos no cenário atual. Gigantes como a Vale, por outro lado, continuam competitivos porque conseguem produzir minério até por menos de US$ 20 por tonelada, de acordo com Loureiro.
No entanto, o executivo disse que o mercado está sendo "surpreendido" pela demora das empresas em reduzir a produção, e isso se explica pelos pesados investimentos que já foram feitos até este momento. Ele citou a Anglo American, que comprou a MMX, e agora não vai deixar de colocar minério no mercado, após ter realizado o investimento. "Se o grande custo era fazer a mina, o mineroduto, agora a empresa não vai entregar nada?", disse.
PRESSÃO - A queda do valor do minério de ferro é uma "espada" sobre os preços do aço no mercado brasileiro, afirmou Loureiro. Segundo ele, a recente diminuição no insumo não foi repassada ainda para os preços do aço no mercado internacional, mas é muito provável que a China pratique uma queda de 10% no seu preço do exportação de aço em breve, avalia o executivo.
Segundo Loureiro, a China ainda não reduziu os preços porque seu grande concorrente é a Ucrânia, que enfrenta problemas internos, mas este quadro tem "grandes chances" de se reverter, pois os preços praticados dentro da China já caíram.
O porta-voz do Inda disse que as usinas siderúrgicas brasileiras estão sofrendo pressão para reduzir preço, pois suas vendas devem cair dois dígitos em volume neste ano. "Isso gera tensão. Não sei até que ponto elas conseguirão manter a disciplina de preços e não começarão a se atacar", disse. Em sua visão, isso seria negativo para o setor, pois não garantiria um aumento da demanda.
Até o momento, não ocorreram movimentos declarados de queda de preço, mas existe uma briga "por baixo da mesa", segundo ele, que comparou a indústria com o setor automotivo, que não reduz preços mas dá incentivos, como o IPVA de graça. "Por enquanto foi uma gracinha aqui, outra lá", disse.
Em sua visão, a valorização do dólar ajudou a proteger os fabricantes nacionais até o momento. O próprio desaquecimento do mercado protegeu também as empresas dos importados, pois os clientes não conseguem se programar para fazer as importações, que demoram meses para chegar ao Brasil e envolvem lotes maiores. Segundo Loureiro, é preciso ter "coragem" para importar no atual cenário de falta de previsibilidade.