Após cinco meses de queda, a alta de 0,48% no Índice de Preços ao Produtor (IPP) em agosto foi determinada pelo avanço na cotação de commodities no mercado internacional, afirmou nesta sexta-feira, 26, o técnico Cristiano Santos, da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar disso, o índice acumula elevação de apenas 2,50% em 12 meses, um patamar considerado muito baixo, tanto que é a quarta menor taxa da série (desde 2010) nesta comparação.
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"As commodities influenciaram bastante essa variação positiva (do IPP), entre elas a naftas, as commodities agrícolas, os couros e as carnes bovinas. Os preços cotados em dólar no mercado internacional colaboraram para que houvesse esse aumento o que eleva os preços dos insumos para os produtores", disse Santos, embora tenha ressaltado que o câmbio não interferiu diretamente no resultado. Segundo o técnico, a alta registrada no mês passado devolve o IPP a seu patamar "natural", após um primeiro semestre atípico.
Entre os setores que mais sentiram esse impacto estão os alimentos. Enquanto os produtos ligados à cana-de-açúcar continuam mostrando viés de queda, os itens da cadeia de carnes bovinas ficam mais caros. "O setor de carnes começa a apontar mais para o mercado externo. O preço está melhor para exportar do que para (vender no) mercado interno", explicou Santos.
Movimento semelhante ocorre com os preços do couro. Mas além do aumento das exportações, os produtores têm retido seus rebanhos em vez de encaminhá-los para o abate. A restrição na oferta de matéria-prima faz com que os preços se mantenham elevados, inclusive acima da média da inflação da indústria de transformação, apontou o técnico do IBGE.
Em outros produtos químicos, os derivados da nafta também sentem os efeitos do mercado internacional. "Os produtos ligados à exportação estão subindo mais do que os produtos ligados ao mercado interno", disse Santos. "O quadro é distinto do que vinha sendo anteriormente. Os preços da nafta voltaram a subir por conta de crises internacionais, como na Síria", acrescentou.
Em 12 meses, contudo, os efeitos da deflação que durou cinco meses ainda são percebidos. Entre março e julho, o IPP acumulou uma queda de 1,31%, segundo o IBGE. Em igual período do ano passado, a taxa havia sido positiva.
No ano, a taxa também é reduzida, de 1,10%. "Ainda sentimos os efeitos em vários setores, principalmente os (influenciados por) preços das commodities agrícolas, basicamente produtos ligados à soja e ao açúcar", ressaltou o técnico.