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Iosco alerta sobre premência em enxergar risco sistêmico

A organização lançou o Relatório de Riscos dos Mercados de Valores 2014-2015

Karol Albuquerque
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Karol Albuquerque
Publicado em 01/10/2014 às 16:29
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Melhorar a regulação e a coordenação entre os órgãos reguladores dos mercados financeiros mundo afora, num contexto em que a retirada de estímulos por parte dos bancos centrais dos países desenvolvidos e a consequente elevação nas taxas de juros deverão aumentar a volatilidade e mexer nos preços, é um dos desafios da International Organization of Securities Commissions (Iosco), que realiza sua conferência anual nesta semana no Rio. Nesta quarta-feira (1º), quando o encontro foi aberto ao público, a Iosco lançou o Relatório de Riscos dos Mercados de Valores 2014-2015.

"Todos estão preocupados. Estamos vivendo numa bolha de liquidez que aumentou a alavancagem, e todos se perguntam o que acontecerá quando os juros começarem a subir", disse o presidente da Iosco, Greg Medcraft, em entrevista coletiva. 

O relatório da Iosco destaca que se está num período de transformação nos mercados financeiros, em que as políticas monetárias continuam influenciando preços e, por isso, a identificação do "risco sistêmico nos mercados de valores tem importância crescente".

Uma das conclusões do relatório é a de que os preços dos ativos seguem subindo, enquanto a volatilidade segue baixa, mas uma mudança na postura das políticas monetárias deixará vencedores e perdedores, enquanto os mercados se ajustam a uma nova realidade.

Em especial, há preocupação com os impactos que as mudanças na política monetária norte-americana devam gerar para os países emergentes, grupo que representa 75% dos afiliados à Iosco. "São países que estão mais vulneráveis à influência do quantitative easying (afrouxamento monetário) nos EUA pela maior dependência dos fluxos de capitais", disse o chefe do departamento de pesquisas da Iosco, Werner Bijkerk.

Em sua análise, os reguladores do mercado de capitais dos países emergentes podem tentar minimizar esses impactos incentivando a criação de produtos de longo prazo e uma menor dependência dos grandes bancos investidores.

Na agenda de discussão dos mercados emergentes está também o financiamento de longo prazo aos investimentos em infraestrutura. "O financiamento à infraestrutura é fundamental para os mercados emergentes, como é o caso do Brasil. Buscar soluções para o financiamento de longo prazo no mercado de capitais é crítico", afirmou o malaio Ranjit Ajit Singh, presidente do Comitê de Mercados Emergentes e em Crescimento da Iosco.

Segundo Medcraft, a preocupação maior dos reguladores é garantir a confiança dos investidores. Isso num mundo globalizado e com enorme avanço tecnológico, em que a confiança nas ferramentas digitais para investir é igualmente importante.

O presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado nacional, Leonardo Pereira, disse que há uma preocupação geral em se buscar uma regulação harmônica entre os países e também em chegar a um meio termo entre o excesso de regulação e a falta dela. Entre os principais riscos no radar, Pereira mencionou o risco de interrupção de operações do mercado por problemas tecnológicos.

"Há necessidade de investir em capacitação dos reguladores para lidar com esses eventos, pelo seu potencial risco sistêmico", explicou Pereira, que também é presidente do Comitê de Presidentes da Iosco.

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