O Brasil e outros países da América Latina precisam enfrentar problemas estruturais, sob o risco de os níveis de investimento privado continuarem fracos e a atividade econômica desaquecida, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI). Ao mesmo tempo, o FMI afirma que condições adversas, como inflação no topo da meta e deterioração das contas externas em vários países da região, apontam para um limitado arsenal de medidas dos governos para estimular a atividade. Por isso, o relatório do Fundo fala da necessidade de reformas estruturais urgentes.
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A política monetária de alguns bancos centrais da região também está em um dilema, destaca o relatório, sem citar nominalmente os países. A autoridade monetária precisa lidar com pressões inflacionárias persistentes ao mesmo tempo em que a atividade econômica está enfraquecida, destaca o FMI. A flexibilidade do câmbio permanece essencial para facilitar os ajustes externos.
Pelo lado fiscal, um aumento de gastos públicos é ainda mais complicado em países com deterioração das finanças públicas, afirma o FMI no relatório, sem citar nomes. "Alcançar as metas (fiscais) estabelecidas dentro do arcabouço fiscal existente por meio de medidas de alta qualidade é crítico para preservar a credibilidade destas ferramentas, evitando futura evasão fiscal" ressalta o documento.
Citando o Brasil, o FMI destaca que as empresas locais passaram a tomar mais empréstimos em moeda estrangeira e a fazer captações no exterior, aproveitando os juros baixos no primeiro mundo. Isso aumentou a exposição delas a riscos externos. Por isso, o relatório fala que deve ser uma prioridade elevar as taxas de poupança doméstica, incluindo por meio de finanças públicas mais fortes. O cenário externo tende a ficar menos favorável, por exemplo, com a elevação dos juros nos EUA, por isso a necessidade de monitorar o setor financeiro e os passivos das empresas, destaca o relatório.
Nas reformas estruturais, o FMI fala de medidas, no Brasil, para melhorar a educação no curto prazo, aumentar a produtividade e a competitividade, além de se criar um ambiente de negócios que estimule o investimento privado. "Sem tais reformas, o crescimento pode continuar a desapontar em comparação à alta expectativa criada na década passada e colocar em risco as importantes conquistas sociais da região", conclui o texto.
"O desafio dos governos é restabelecer a confiança dos agentes", afirma o economista-chefe do FMI, Olivier Blachard.