Comércio

Varejo prevê pior Dia das Crianças em 10 anos

Livrarias têm pior expectativa. Devem ter vendas retraídas em -4,8%, na comparação com 2013

Da editoria de economia
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Publicado em 08/10/2014 às 8:00
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Camila Vilela: "Não dá para trazer as crianças às compras". - Bobby Fabisak/JC Imagem
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Jeniffer Máximo, 8 anos, vai sair da loja com uma boneca de R$ 80, mas queria a de R$ 150. - Bobby Fabisak/JC Imagem
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Movimento do comércio do Centro da Cidade para o Dia das Crianças. - Bobby Fabisak/JC Imagem
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Movimento do comércio no shopping para o Dia das Crianças. - Bobby Fabisak/JC Imagem
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Estela Moraes vai agradar o filho de 3 anos com o que ele quer: skate, bike e prancha. - Bobby Fabisak/JC Imagem
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?Está tudo muito caro, por isso optei por comprar no atacado, no centro da cidade? - Lea Teixeira - Bobby Fabisak/JC Imagem
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Elizângela Maia pretender gastar até R$ 170 no presente da filha Maria Clara. - Bobby Fabisak/JC Imagem

 

O varejo nacional aguarda passar pelo pior Dia das Crianças em dez anos. Numa ponta, o comerciante tenta fazer de tudo para esquentar as vendas. Na outra, o consumidor se vê numa ginástica para tentar agradar os filhos sem comprometer o orçamento. 

As previsões da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) sinalizam para um aumento de 3,1% nas vendas – 2,1 pontos percentuais abaixo do crescimento registrado no ano passado (5,2%). Essa deve ser a menor expansão para a data desde 2004, quando o volume de vendas para o 12 de outubro cresceu 3,0%.

“Estou achando tudo muito caro, por isso optei por comprar no atacado, no centro da cidade”, relata a professora Lea Teixeira, que levou para o filho um totó de mesa, presente que ele queria desde o começo do ano. Gastou R$ 95. A diarista Dulcinea Maria de Souza conseguiu sair da loja de atacado com vários presentes na sacola para o primo de dois anos. 

Mas a boneca que a sobrinha Jeniffer, de 8 anos, mais queria ficou para outra data. Custava R$ 150, mas a mãe dela, a dona de casa Michele Oliveira, optou por uma de R$ 80.

“A desaceleração do faturamento real do varejo do Dia das Crianças em 2014 se insere em um contexto mais amplo, no qual o crescimento mais lento do mercado de trabalho e, principalmente, o encarecimento do crédito restringem a manutenção do ritmo de consumo verificado nos últimos anos”, comenta o economista da CNC Fabio Bentes.

 

Nos shoppings, as pessoas estão mais dispostas a gastar, mesmo que se ouça, aqui e ali nas lojas, as famílias reclamando dos preços. A publicitária Estela Moraes, por exemplo, tem um filho único, de 3 anos, e vai agradá-lo com o que ele quer: skate, prancha e bike. A conta sairá cerca de R$ 600 e será dividida com o esposo. “Mas vim só, senão iria terminar levando mais coisa”, brinca. “Neste ano, as coisas estão mais caras, mas é o primeiro ano em que ele escolhe o presente”, detalha.

A assistente operacional do metrô Camila Vilela escolheu dar dois presentes a cada um dos dois filhos e barrou os brinquedos mais caros. “O mais velho queria um Transformer Dragon Bolt, que custa R$ 300. Deixei para dar no aniversário”, conta, dizendo que foi a forma que encontrou para economizar e não deixar de agradar os meninos. “Mas uma coisa é certa: não dá para trazê-los nas compras”, indica.

Os Transformers são um dos brinquedos-sensação do momento. Nessa lista, também entram o Peppa Pig, que pode chegar a R$ 130, as Monster High (entre R$ 50 e R$ 100) e a boneca Frozen (que pode sair por R$ 180). Há também os presentes mais caros que agradam os pequenos: os tablets com personagens, por volta de RP$ 500, e a moto motorizada, que ultrapassa os R$ 1 mil. 

O que poucas crianças irão ganhar neste ano certamente é livro. O levantamento da CNC prevê uma retração de -4,8% nas livrarias no período. Artigos de uso pessoal e doméstico, principais responsáveis pela comercialização de brinquedos e eletroeletrônicos, deverá responder por 24,7% do faturamento do varejo, registrando alta de 8,1% em 2014 – percentual expressivo, porém menor do que o avanço apurado no mesmo período de 2013 (8,8%). Hipermercados devem crescer 2,6% e vestuário 1,1%, também com desempenhos mais fracos que no ano passado.

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