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Pimco faz apostas no Brasil com base em fundamentos

A gestora espera que o próximo presidente faça mudanças importantes na política econômica e adote um melhor conjunto de políticas monetária e fiscal

Karol Albuquerque
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Karol Albuquerque
Publicado em 21/10/2014 às 14:02
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Em meio a uma corrida presidencial "inacreditavelmente difícil" de prever quem sairá vencedor, a Pimco, maior gestora de bônus do mundo, com US$ 1,9 trilhão em ativos, está fazendo apostas no Brasil com base em análises de fundamentos e no valor relativo dos ativos financeiros e não em quem vai ganhar as eleições, afirma o chefe da empresa para mercados emergentes, Michael Gomez, em uma análise sobre o País. Independente de quem vença a disputa no domingo (26), a Pimco espera que o próximo presidente do Brasil faça mudanças importantes na política econômica e adote um melhor conjunto de políticas monetária e fiscal. 

"O mercado está prestando forte atenção nas eleições brasileiras porque elas podem desencadear uma reestruturação do conjunto de políticas econômicas do País", afirma Gomez, ressaltando que o caminho que será seguido pelo novo presidente e o ritmo que virão as mudança só devem ficar mais claros após o encerramento do segundo turno. 

A economia brasileira tem enfrentado desaceleração do crescimento e inflação persistentemente alta, afirma o gestor da Pimco. Apesar da fraca atividade econômica, ele pondera que o Banco Central, ao elevar os juros, não está conseguindo trazer a inflação para a meta. "Parte do problema é uma assimetria na política macroeconômica do Brasil", afirma Gomez. 

Enquanto a política monetária está muito apertada, a política fiscal está muito relaxada, sobretudo por conta dos empréstimos dos governos para os bancos públicos para estimular o crédito, avalia Gomez. Nesse cenário, os juros básicos precisam subir para níveis mais altos do que seriam necessários se a política fiscal fosse mais controlada. "Como reflexo, o Brasil tem uma das taxas de juros mais altas do mundo, real e nominal, o que também é uma oportunidade para os investidores. Continuamos a ver valor relativo no Brasil versus outros mercados emergentes", afirma o gestor. Por isso, a Pimco está com a aposta "overweight" no país, ou seja, espera desempenho acima da média do mercado. 

REFORMAS - As eleições no Brasil no domingo ocorrem no final de um calendário eleitoral particularmente cheio nos países emergentes em 2014. No total, 43 destes mercados tiveram eleições presidenciais e/ou parlamentares neste ano, o equivalente a mais de um terço da população mundial, de acordo com a Pimco.

"Historicamente, as eleições têm sido associadas a períodos de volatilidade nos países emergentes", afirma o diretor da gestora ressaltando que este ano, até agora, os vencedores sinalizaram mudanças na economia favoráveis aos mercados, como é o caso da Índia. Assim, 2015 se desenha como um ano que pode ser marcado por reformas estruturais nos países emergentes.

Além disso, o ano que vem promete ser cheio de desafio para os países emergentes, afirma Gomez, citando que a previsão é de um ambiente macroeconômico menos favorável. Uma das principais razões é que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve elevar os juros nos Estados Unidos, com o dólar provavelmente ficando mais forte em relação às principais moedas dos países desenvolvidos e dos emergentes. 

"A estrada à frente pode ser sinuosa para os emergentes, na medida em que o crescimento se desacelera na China e o Federal Reserve normaliza a política monetária nos EUA." Nesse cenário, a Pimco tem ajustado suas posições com base em análises mais específicas de países, destaca Gomez.

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