Com a alta da taxa básica de juros, de 11% para 11,25%, anunciada nesta quinta (30) pelo Banco Central (BC), a poupança passou a render mais que fundos de renda fixa com taxas de administração superiores a 2,5% ao ano. A constatação é da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).
Com isso, a recomendação é que investimentos menores sejam direcionados à caderneta, já que o custo dos fundos tende a subir quando o volume aplicado é pequeno.
O aumento da Selic beneficia os dois tipos de investimento.
No caso da poupança, influencia a taxa referencial (TR), que é acrescida ao rendimento fixo de 0,5% mensais.
Segundo a Anefac, a caderneta passará a ter retorno de 0,58% mensais com a taxa básica a 11,25% ao ano desempenho superior aos 0,56% que vinha sendo obtido com a Selic a 11% ao ano. Mas leva vantagem em relação à renda fixa, pois é isenta de Imposto de Renda (IR) e não paga taxa de administração.
Pela simulação da associação, um investimento de R$ 10 mil renderia, na poupança, 7,19% ao ano, indo, em um ano, para R$ 10.719. Caso o mesmo montante fosse aplicado pelo mesmo período em um fundo com taxa de administração de 1,5%, o valor final seria maior, de R$ 10.744. Já o mais caro dos investimentos, com taxa de administração de 3%, iria para apenas R$ 10.604.
“Dependendo da taxa de administração cobrada, para pequenos valores, a poupança vai ganhar”, explica Miguel Ribeiro, coordenador de pesquisa e diretor-executivo da Anefac.
O estudo da associação mostrou ainda que, apesar de a alta de juros ter como objetivo frear o consumo, o efeito do aumento de 0,25 ponto percentual sobre os juros ao consumidor é pequeno. Com a nova Selic, os juros do cartão de crédito, até então em 10,78% ao mês, sobem para 10,8%, em média. Com isso, usar R$ 3 mil do crédito rotativo por 30 dias, que custaria R$ 323,40 com a Selic antiga, passaria a custar R$ 324, uma diferença de apenas R$ 0,60.
Para empresas, o efeito também é pequeno. Na simulação de um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil, com prazo de 90 dias, os juros pagos, com a Selic em 11%, seriam de R$ 2.873,35 e, com a nova taxa, passam a R$ 2.904,49, diferença de R$ 31,14. Segundo a Anefac, isso ocorre porque existe uma diferença grande entre a taxa básica e as taxas cobradas no mercado, que registram variação de mais de 800% entre as duas pontas.
“Não é isso que vai desmotivar o consumidor a fazer ou não financiamento. O consumidor, de certa forma, já está com menor intenção de gastos por preocupação com o futuro, com medo desse ambiente todo. Não podemos esquecer que tivemos outras elevações. Se fosse só essa elevação não faria nenhuma diferença”, explica Ribeiro.