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Tendências vê necessidade de ajuste nas contas públicas

Na avaliação de Felipe Salto, é importante reconhecer que o ajuste fiscal no próximo ano será difícil

Karol Albuquerque
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Karol Albuquerque
Publicado em 31/10/2014 às 14:46
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Com o rombo de R$ 25,491 bilhões do setor público consolidado em setembro, que gerou um número negativo de R$ 15,286 bilhões no acumulado do ano, deve ser registrado um déficit em 2014 tanto para as contas do governo central como também para o conjunto formado por União, Estados e municípios, comentou ao Broadcast Ao Vivo Felipe Salto, economista da consultoria Tendências. 

"No próximo ano, será necessário um ajuste das contas públicas. E isso será importante também devido à condição apresentada pela situação fiscal durante o governo da presidente Dilma Rousseff", afirmou Salto. "Para isso, um contingenciamento do Orçamento entre R$ 55 bilhões e R$ 65 bilhões em 2015 seria necessário, a fim de gerar um superávit primário entre 1% e 1,5% do PIB", disse. 

De acordo com Salto, o fraco resultado das contas públicas é devido em boa parte por dois fatores: um deles é o elevado montante de desonerações tributárias, que para ele devem ficar próximas a R$ 100 bilhões neste ano. Um segundo motivo é a queda da arrecadação dos cofres oficiais, cuja raiz principal é o fraco desempenho da economia. Além disso, ele também destaca que o ritmo dos gastos federais está mais veloz do que o registrado pelas receitas. "Em porcentagem do PIB, a despesa cresceu em três anos do governo Dilma o mesmo que nos 12 anos anteriores", afirmou. 

Na avaliação de Felipe Salto, é importante reconhecer que o ajuste fiscal no próximo ano será difícil, inclusive porque o País crescerá pouco, no máximo 1%. Por outro lado, ele manifesta que há um sinal desfavorável do governo na busca por mais equilíbrio da gestão das contas públicas com a notícia veiculada pelo Broadcast de que o Tesouro poderá fazer um novo aporte de R$ 20 bilhões ao BNDES. "Não se sabe se o ajuste será feito pelo governo que sobe juro ou pelo governo que não desmama o BNDES do Tesouro", destacou. Ele ressaltou que a administração federal parece "um sujeito bipolar", que ora quer correção fiscal, mas dá indicações que isso não vai ocorrer. 

Em função do início do terceiro ciclo de aperto monetário no governo Dilma, que na quarta-feira, 29, subiu a Selic de 11% para 11,25%, Salto pondera que é "urgente" que o governo suba a Taxa de Juros de Longo Prazo, a TJLP. Do contrário, o descasamento entre estes dois preços relativos ficará ainda maior.

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