dados

Brasil tem descompasso entre crescimento do PIB e da renda

Isso significa que a capacidade do país em produzir fica aquém do potencial de consumo

Da ABr
Cadastrado por
Da ABr
Publicado em 20/11/2014 às 15:34
Leitura:

O Brasil apresenta descompasso entre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e riquezas produzidos em um país) e o aumento da renda da população. Conforme dados apresentados nesta quinta-feira (20) pelo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, Marcelo Neri, entre 2003 e 2013 o desenvolvimento anual da renda per capita ficou em 4,7%, enquanto o PIB per capita cresceu 2,8%. Na prática, isso significa que a capacidade do país em produzir fica aquém do potencial de consumo.

O ministro divulgou as informações durante lançamento do primeiro volume do estudo Produtividade no Brasil - Desempenho e Determinantes, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Embora os números citados por Neri não estejam na pesquisa, o diagnóstico é semelhante. Aponta, por exemplo, que, entre 2000 e 2009, a taxa média de crescimento anual do PIB, de 3,42%, teve pouca relação com alta da produtividade.

"Apenas um terço desse crescimento (do PIB) pode ser atribuído ao crescimento da produtividade no trabalho. Os dois terços restantes advieram do crescimento do pessoal ocupado (...) Isso explica porque o PIB per capita descola-se da produtividade no trabalho", ressalta o estudo. Tecnologia da informação, infraestrutura, qualificação de mão de obra e ambiente de negócios estão entre as áreas destacadas como carentes de investimentos para aumentar a produtividade.

"O Brasil tem entregue bem estar à população, mas a preocupação é que isso se sustente. O crescimento da renda do brasileiro não está sendo gerado por quantidade de trabalho, mas sim por qualidade, medida por salário ou formalidade", salientou Marcelo Neri, defendendo a necessidade de conciliação entre as variáveis. "É preciso pensar em ambiente de negócios abrangente, infraestrutura, investimento pessoas, mobilidade do trabalhador e renda do trabalhador", acrescentou.

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, que também é presidente da ABDI, esteve no lançamento do estudo. Ele disse que é preciso aumentar a produtividade para garantir novo ciclo de crescimento no Brasil. "Sabemos que a produtividade está aquém do tamanho do mercado de consumo. No ciclo passado, tivemos amplo processo de inclusão social e a criação de uma sociedade de consumo de massa, o que viabilizou o crescimento. Para o próximo ciclo, a produtividade tem de ter papel de liderança", assinalou. 

Para Borges, o governo já encaminhou algumas ações necessárias. "Temos o Plano Brasil Maior (de estímulo à indústria) e precisamos dar continuidade ao processo de recuperação da infraestrutura. Na questão da escolaridade, o Brasil tem feito grandes investimentos. O Pronatec é a evidência mais clara", concluiu.

Últimas notícias