A segunda redução consecutiva da taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) em outubro (10,1%) ante setembro (10,6%) foi resultado da diminuição (0,4%) da População Economicamente Ativa (PEA), com 45 mil pessoas deixando a força de trabalho, acompanhada da uma pequena elevação do nível de ocupação (0,2%), com a criação de 15 mil postos de trabalho. Os dados são da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada há pouco pela Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Leia Também
"As pessoas respondem aos estímulos que o mercado dá. Essas 45 mil que deixaram de procurar emprego sacaram que não tem trabalho e acabam ficando em casa", avaliou o coordenador da pesquisa pela Fundação Seade, economista Alexandre Loloian. Segundo ele, essa queda em outubro já era esperada. "A partir do segundo semestre, essa taxa sempre se reduz, porque entra na organização de atividades para vendas de fim de ano", afirma. Ele diz que a expectativa é de que a taxa apresente mais algumas "pequenas reduções" até dezembro, voltando a subir a partir de janeiro.
O economista destacou a redução principalmente do desemprego aberto (-7,4% ante setembro), ou seja, das pessoas que estavam procurando trabalho de maneira efetiva nos 30 dias anteriores à entrevista e que não exerceram nenhum trabalho nos últimos 7 dias. Entre as sub-regiões da RMSP, ele ressaltou que a maior redução do desemprego geral se deu na região do ABC paulista (de 11% para 10,3%), seguida pela capital paulista (de 10,2% para 9 56%) e pelos demais municípios da região metropolitana de São Paulo (de 11,1% para 10,8%).
Sob a ótica setorial, Loloian chamou a atenção para o crescimento da taxa de desemprego do subsetor de metal mecânica, que avançou 2,9% entre setembro e outubro, dentro da indústria de transformação, que, em geral, cresceu 1,3% no período. "Isso se deve a um aumento da produção para dar conta da demanda de fim de ano", explicou. Ele destacou também que, ao contrário das perspectivas negativas do mercado, os dados mostram um cenário diferente para o nível de ocupação no setor da construção, que cresceu 0,1% ante setembro e 2,9% em relação a outubro de 2013.
No setor de serviços, que subiu 0,5% ante setembro e 3,1% ante o mesmo mês do ano passado, o economista ressaltou que isso se deve ao crescimento dos serviços voltados às empresas (3,3% e 3 9% nas variações mensal e anual, respectivamente), da administração pública (2,1% e 2,5%) e, principalmente, de alojamento e alimentação (4,9% e 13,2%). "Esse último teve o maior crescimento, estranhamente depois da Copa. Acreditamos que em razão da retomada do turismo de negócios após o campeonato", afirmou. De agosto a outubro, o subsetor criou 100 mil vagas.
Loloian observou que, mais uma vez, que a Fundação Seade e o Dieese, não divulgaram o comparativo entre as sete regiões metropolitanas que costumavam ser analisadas, pois a do Distrito Federal e a de Belo Horizonte não realizaram a pesquisa de campo porque perderam os prazos de licitação. Diante disso, ele afirmou que, dentre as cinco analisadas, a RMSP apresentou a maior redução na taxa de desemprego, seguida por Fortaleza (de 8 1% para 7,8%) e Salvador (17,5% para 17,3%). Já em Recife (11,9% para 12,1%) e Porto Alegre (6% para 6,5%), a taxa aumentou.
Rendimento
O coordenador da pesquisa avaliou ainda como "notícia boa" o fato de o rendimento médio real ter se mantido relativamente estável. No caso do dos ocupados, cresceu 0,6% em setembro em relação a agosto, para R$ 1.882, apesar de ter recuado 1,2% ante o mesmo mês do ano passado. "Como tivemos uma recuperação da indústria de transformação e de serviços, é bem provável que tenhamos tido uma melhora nos rendimentos médios em outubro, já que são os setores que pagam os melhores salários", previu.