Estímulos chineses, expectativa de novo programa de incentivo econômico na Zona do Euro e apostas de que os juros nos Estados Unidos poderão demorar mais a subir, após dados fracos de inflação divulgados naquele país, alimentaram o bom humor dos investidores nesta sexta-feira (16).
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O principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, seguiu os mercados internacionais e fechou em alta de 2,06%, para 49.016 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,115 bilhões. Na semana, houve valorização de 0,36% -o segundo desempenho semanal positivo consecutivo.
"Internamente, há um certo conforto com o compromisso da equipe econômica do governo de tomar as medidas necessárias para que o país retome crescimento no médio e longo prazos", afirma Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest.
"A inflação na Europa está com desempenho fraco. Isso, somado à decisão do BC suíço de retirar o teto máximo para a cotação do franco sobre o euro, sinaliza que, de fato, um anúncio de novo programa de estímulo europeu é iminente. O BC suíço sabe que, com esse programa, haverá uma demanda maior por francos, por isso não faria sentido manter a restrição", diz Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho.
Nos EUA, o índice de preços ao consumidor teve em dezembro a maior queda em seis anos, reforçando apostas de que o Fed (banco central americano) poderá adiar um aumento nos juros daquele país. Uma alta provocaria a saída de recursos dos emergentes, como o Brasil.
O cenário colaborou para a menor pressão no mercado de câmbio. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,52% nesta sexta (18), a R$ 2,621. Na semana, houve baixa de 0,72%. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, recuou 0,79% no dia e 0,61% na semana, para R$ 2,622.
AJUDA CHINESA
Ainda no exterior, a China anunciou nesta sexta-feira (16) novas medidas de estímulo à economia. O governo chinês vai emprestar 50 bilhões de iuanes (cerca de US$ 8,1 bilhões) com uma taxa de redesconto a bancos para permitir que eles "reemprestem" o dinheiro a produtores rurais e pequenas empresas.
As ações preferenciais da mineradora Vale, sem direito a voto, subiram 3,67%, para R$ 19,23. A China é o principal destino das exportações da companhia brasileira. As siderúrgicas também subiram, como Gerdau (+5,16%, para R$ 9,38), CSN (+6,39%, para R$ 5,16) e o papel preferencial da Usiminas (+3,67%, para R$ 4,24).
A Petrobras foi beneficiada pelo avanço do petróleo no exterior, após fortes quedas recentes. O papel preferencial da estatal subiu 1,07%, para R$ 9,44. Já o ordinário, com direito a voto, teve leve perda de 0,22%, para R$ 9,23. O mercado aguarda pelo balanço não auditado da companhia referente ao terceiro trimestre do ano passado, que pode ser divulgado no final deste mês.
"O resultado pode conter baixas contábeis referentes a uma estimativa de perdas com preços pagos por ativos acima do valor justo. O mercado tem estimado estas perdas na casa dos R$ 20 bilhões, valor equivalente a 5,5% do patrimônio líquido de junho de 2014", disse a equipe de análise da Planner Corretora, em relatório divulgado a clientes na véspera.
O setor bancário, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, também fechou no azul, ajudando a sustentar o índice. O Itaú Unibanco ganhou 1,54%, para R$ 34,34, enquanto o papel preferencial do Bradesco mostrou valorização de 0,97%, para R$ 35,30. O Santander Brasil subiu 0,54%, para R$ 13,15.
Banco do Brasil e Cielo se valorizaram, após o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) ter aprovado na manhã desta sexta (18) a associação da operadora de cartões com o banco estatal para gestão de transações oriundas das operações de cartões de crédito e débito. O BB ganhou 1,18%, para R$ 22,30, enquanto a Cielo subiu 4,33%, para R$ 39.
Em sentido oposto, as ações da Oi lideraram as perdas do Ibovespa, com desvalorização de 5,34%, para R$ 4,96. A empresa afirmou nesta sexta que a fusão com a Portugal Telecom está juridicamente concluída após a operação de aumento de capital com troca de ativos ocorrida no ano passado.
A Oi também defendeu a venda de operações do grupo português, alvo de críticas em Portugal. Assembleia de acionistas da Portugal Telecom SGPS para decidir sobre a venda dos ativos portugueses do grupo ocorre no próximo dia 22.
LEILÕES NO CÂMBIO
No câmbio, além do alívio do cenário externo e o otimismo com as medidas de ajuste promovidas pela nova equipe econômica, segundo operadores, também pesaram sobre a queda do dólar nesta sexta-feira as atuações da autoridade monetária brasileira no mercado.
O Banco Central do Brasil deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 2.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), por US$ 98,3 milhões.
A autoridade também promoveu um outro leilão para rolar 10 mil contratos de swap que venceriam em 2 de fevereiro, por US$ 489,6 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 52% do lote total com prazo para o segundo dia do mês que vem, equivalente a US$ 10,405 bilhões.